
Na manhã desta sexta-feira (27), o Departamento de Análise Econômica dos EUA (BEA) informou que a inflação PCE subiu 0,1% em maio, acima da zero apontada em abril, mas ainda dentro de um patamar moderado. No acumulado em 12 meses, o índice avançou 2,3%, contra 2,1% de abril, mantendo-se acima da meta implícita de 2% do Fed.
O core PCE, que exclui os itens voláteis de alimentos e energia, também surpreendeu ao registrar 0,2% de alta no mês, repetindo o ritmo de abril, e 2,7% em 12 meses, acima das expectativas de 2,6%. Esse avanço reforça a sinalização de que as pressões inflacionárias subjacentes continuam resistentes, apesar dos esforços de aperto monetário.
Entre os componentes, serviços avançaram 0,3%. Isto foi puxado pelos custos de aluguel e saúde. Os bens subiram 0,1%. Esta alta reflete aumentos nos preços de veículos usados e eletrônicos. Os preços de energia recuaram 0,2%. Isso amorteceu parcialmente o impacto geral. Alimentos ficaram estáveis no mês.
O mercado reagiu aos dados. Os futuros de títulos do Tesouro dos EUA ajustaram-se para cima. Isso sinaliza que o mercado adia expectativas de cortes de juros. Agora espera-se setembro, em vez de julho. Líderes do Federal Open Market Committee (FOMC) exigem “evidências claras” de queda na inflação. Só então reduzirão a taxa de fundos federais.
Como o PCE afeta você?
A alta de 0,1% no PCE de maio nos EUA, acima do 0,0% de abril, reforça a percepção de preços ainda firmes, levando o Federal Reserve a adiar cortes na taxa de juros e mantendo o dólar mais forte frente a moedas emergentes. Como resultado, o dólar tende a subir e esse encarecimento de produtos importados infla o IPCA local, obrigando o Banco Central do Brasil a manter a Selic em 15%, postura que já foi classificada como “prematura” para cortes pelos diretores da autoridade monetária.
No dia a dia, o dólar mais alto e a Selic elevada têm reflexos diretos no bolso dos brasileiros. Passagens aéreas, pacotes de viagens internacionais e mensalidades universitárias no exterior ficam mais caras, pois os fornecedores repassam a alta do câmbio ao consumidor. Além disso, empréstimos, financiamentos e parcelamentos seguem com juros elevados, uma vez que o custo do crédito interno reflete a Selic, limitando o acesso ao consumo a prazo e pressionando famílias a renegociarem dívidas. Por fim, empresas brasileiras que dependem de matéria-prima importada veem seus custos subir, o que pode levar a reajustes de preços em cadeias produtivas e afetar a inflação de bens industriais, como eletrônicos e móveis.