O Banco Central divulgou hoje (31) que a dívida bruta do Governo Geral alcançou 76,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em junho. Este valor representa um aumento de 0,5 ponto percentual em apenas um mês, subindo de 76,1% no mês anterior. Em suma, o montante totalizou cerca de R$ 9,4 trilhões.
Três fatores principais impulsionaram o aumento no indicador. Em primeiro lugar, a elevação dos gastos com juros adicionou 0,7 p.p. Além disso, as emissões líquidas de dívida contribuíram com +0,5 p.p. Por outro lado, o efeito contábil decorrente da variação do PIB reduziu o índice em -0,5 p.p. A valorização cambial também ajudou a conter o crescimento, contribuindo com -0,2 p.p. no resultado.
A dívida bruta segue uma trajetória de alta no governo atual. Com efeito, já soma 4,9 pontos percentuais desde o início da gestão. No entanto, o indicador recuou 0,21 ponto percentual em relação a junho do ano anterior.
O Banco Central revelou ainda que a dívida líquida, que desconta os ativos financeiros do setor público, subiu para 62,9% do PIB, ante 62,0% em maio. Esse aumento reforça, sem dúvida, a crescente pressão fiscal sobre o país.
O setor público apresentou um déficit primário de R$ 47,1 bilhões em junho. Este resultado superou as expectativas de mercado, que previam R$ 40,9 bilhões. Como resultado, contribuiu diretamente para a expansão da dívida bruta registrada no mês.
O que esses números indicam?
O indicador elevado de dívida bruta sinaliza, acima de tudo, maior vulnerabilidade das contas públicas. Dessa forma, limita a capacidade do governo de responder fiscalmente a choques econômicos ou crises sem elevar ainda mais o endividamento.
O peso crescente dos juros na trajetória da dívida sugere que, se as taxas de juros permanecerem elevadas, o esforço fiscal continuará aumentando. Cada ponto percentual adicional da Selic eleva significativamente o custo da dívida. Por conseguinte, pressiona o orçamento federal.
De acordo com projeções do Tesouro Nacional, a dívida bruta deve fechar o ano em torno de 79% do PIB. Além disso, a tendência é de subida até cerca de 84% até 2028. Isto é, existe um claro sinal de risco de deterioração fiscal ao longo do tempo.