Inflação

Ata do Copom reafirma cautela: juros ficam em 15% por mais tempo

BC ressalta impacto tarifário dos EUA e mantém política monetária restritiva até inflação convergir

Ata do Copom / Copom
Presidente do Banco Central ressalta cautela com inflação durante reunião do Copom que decidiu manter a taxa Selic em 15% | Crédito: Agência Brasil

A ata do Copom da última reunião, divulgada nesta terça-feira (05), reforça a manutenção da taxa Selic em 15% ao ano. Este é o nível mais alto em quase 20 anos. Sem dúvida, o ciclo de juros permanecerá restritivo por “prazo bastante prolongado”.

A diretoria do Banco Central destaca, acima de tudo, preocupação com o pacote tarifário de 50% imposto pelos EUA sobre exportações brasileiras. Isso traz impactos setoriais relevantes e, como resultado, aumenta a incerteza macroeconômica. O Copom reafirma vigilância quanto às expectativas inflacionárias. Estas continuam acima da meta de 3%, ainda que existam sinais de moderação nos indicadores de mercado.

A ata ressalta que, apesar disso, o mercado de crédito mostra sinais de moderabilidade. Ao mesmo tempo, o mercado de trabalho permanece resiliente. Essa combinação gera sinais mistos em um ciclo de inflexão econômica.

Os preços baseados em mercado (implícitos) estão desacelerando. No entanto, as expectativas de inflação para 2025 e 2026 permanecem fora do alvo. Em virtude disso, exige-se ainda uma postura monetária rígida até que haja convergência sustentada.

O comunicado volta a reforçar que o Copom “não hesitará em retomar o ciclo de alta” se necessário. Por outro lado, enfatiza que cortes na Selic só ocorrerão após avaliação clara do impacto das medidas vigentes sobre inflação e atividade econômica.

O que a ata do Copom diz sobre o futuro dos seus investimentos?

A perspectiva de manutenção da Selic em 15% durante grande parte de 2025, sem indicações de reduções antecipadas, sugere que investidores devem priorizar estratégias defensivas. Nesse sentido, a renda fixa indexada apresenta-se como opção atrativa. Destaca-se, por exemplo, títulos como Tesouro IPCA+ e CRIs prefixados de curto prazo, que oferecem proteção contra a persistência inflacionária.

Além disso, considerando a deterioração das expectativas inflacionárias projetadas até 2026, torna-se prudente aumentar a alocação em instrumentos que preservem o poder de compra real. Não apenas ETFs de renda fixa com proteção inflacionária, mas também títulos globais com hedge cambial surgem como alternativas estratégicas para mitigar riscos de desvalorização do real.

Por fim, o ambiente de incertezas globais, intensificado pelas pressões tarifárias recentes, recomenda uma postura cautelosa com manutenção de reserva de liquidez em ativos considerados seguros. Em outras palavras, títulos soberanos de economias desenvolvidas, notadamente os Treasuries americanos. Este posicionamento defensivo sugere, a princípio, redução temporária na exposição a ativos de maior volatilidade, como ações ou crédito de mercados emergentes, até que haja maior clareza sobre os rumos da política monetária.