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Fundos globais "compram" emergentes: BofA vê recorde de gestores considerando EUA caros

Pesquisa do Bank of America mostra aumento do overweight em ações de mercados emergentes; a fim de que a avaliação de EUA "caros" bate máximo histórico e reforça rotação

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Investidores globais aumentam posições em mercados emergentes enquanto ações dos EUA atingem níveis recordes de sobrevalorização | Crédito: SpaceMoney

Os gestores globais aumentaram a posição em ações de emergentes na pesquisa de agosto do Bank of America. Ao mesmo tempo, um recorde de gestores aponta as ações dos EUA como “sobrevalorizadas”. De acordo com o levantamento, o net overweight em EM chegou ao maior nível desde fevereiro de 2023. Este movimento é sustentado por valuations relativos e pelo quadro macro recente.

A rotação ganhou tração num ano em que o MSCI Emerging Markets sobe mais de 16%. Sem dúvida, este desempenho supera os índices de desenvolvidos (+11%) e do S&P 500 (+8,6%). Em outras palavras, o fluxo tem favorecido países em desenvolvimento no acumulado de 2025.

Outro pilar é o dólar mais fraco em 2025, com queda próxima de 10%. Esta desvalorização alivia custos de financiamento. Além disso, amplia a flexibilidade de política monetária nas economias emergentes, variável que costuma apoiar equities e moedas locais.

Apesar disso, a pesquisa também mostra que o “long Magnificent 7” voltou a ser o trade mais lotado do mundo. Isto reflete a força dos resultados das big techs. Por outro lado, 91% dos gestores classificam as ações dos EUA como caras, o que ajuda a explicar a busca por alternativas fora de Wall Street.

O sentimento melhorou: apenas 5% dos entrevistados projetam um pouso forçado global. Ainda assim, 70% enxergam risco de estagflação. Este é um pano de fundo que costuma premiar qualidade, valuation e diversificação geográfica.

Como isso afeta o Brasil e os seus investimentos?

Para o Brasil, o combo EM em alta + dólar mais fraco tende a ser favorável a ações e câmbio. Isto é válido desde que os riscos locais permaneçam contidos. Em virtude de maior apetite por emergentes, costuma-se destravar fluxo para bolsas, credit e FX da região. Assim sendo, o Brasil segue entre os principais proxies da tese.

Para a carteira, o recado é diversificar com critério. A fim de capturar a rotação sem concentrar risco num único tema, combine exposição a Brasil com bolsas de emergentes mais amplas. Uma vez que EUA seguem caros na visão da maioria, valuation e qualidade de lucros ganham peso.

O que monitorar daqui em diante: trajetória do dólar, juros longos nos EUA e commodities (sensíveis para o Brasil). Por certo, se a queda do dólar persistir e os dados de atividade/inflacionários cooperarem, o pano de fundo para emergentes — e para a B3 — segue construtivo. Em contrapartida, um dólar mais forte tende a moderar o ímpeto de fluxo.