domingo, 28 de abril de 2024
Economia

FOMC: por que o Fed deve manter juros inalterados se a economia dos EUA cresce?

Pressões inflacionárias devem obrigar autoridade monetária a manter sua política apertada, aponta Rafael Belivacqua, estrategista-chefe de Levante Investimentos

31 janeiro 2024 - 11h00Por Lucas de Andrade

Nesta quarta-feira (31), o FOMC (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto), do Federal Reserve (Fed), o Banco Central (BC) norte-americano, deve manter os juros americanos inalterados na faixa entre 5,25 por cento e 5,50 por cento ao ano, de acordo com Rafael Belivacqua, estrategista-chefe de Levante Investimentos.

De um lado, os investidores começaram este ano convencidos de que a autoridade monetária iniciaria o afrouxamento da política na reunião seguinte à da desta semana, agendada para os dias 19 e 20 de março.

De outro, dirigentes advertiram várias vezes que essa redução não estava garantida e que seria preciso esperar sinais claros de desaceleração da inflação antes de começar a reduzir os juros.

Os indicadores mais recentes não foram conclusivos, na avaliação de Belivacqua.

Na última sexta-feira (26) o Departamento de Comércio divulgou o Personal Consumption Expenditure (PCE) de dezembro. Conhecido como "a inflação do FED", o PCE tem sido usado para balizar a meta de inflação nos EUA e o indicador, nos últimos doze meses até dezembro, variou 2,6%, igual à variação de novembro. 

Para o estrategista-chefe, o dado confirma "plenamente" as expectativas dos investidores. O "núcleo" do PCE, que exclui os preços mais voláteis dos alimentos e da energia, variou 2,90% - abaixo dos 3,2% de novembro, que também foi levemente inferior às expectativas de 3,0%.

Parece uma notícia capaz de justificar uma queda dos juros, porém, na quinta-feira (25), foi divulgada a primeira prévia da variação do Produto Interno Bruto (PIB) americano. A variação foi de 3,30% ao ano, quase o dobro dos 2,0 por cento esperados.

O analista comenta que o crescimento da economia significa uma notícia boa para as pessoas, uma vez que existe "mais emprego, mais renda e mais consumo" , mas, por outro lado, "isso tende a pressionar a inflação" , o que deve obrigar o FED a manter apertada a política monetária.