A escalada nas Bolsas de mercados emergentes mantém fôlego até o fim de julho. Com efeito, o índice MSCI Emerging Markets acumula alta de 17% em 2025. Este desempenho supera amplamente o S&P 500. Sem dúvida, isso reflete o efeito de fluxo e a busca por rentabilidade em cenários de juros globais ainda elevados.
A rotação global volta-se com força para ETFs de ações de economias emergentes, inclusive o Brasil. No entanto, isso ocorre predominantemente por meio de fundos regionais, não por alocação específica ao país. Apesar disso, o Brasil ainda se beneficia do apetite por exposição aos mercados em transição macroeconômica, mesmo com a valorização do real.
Essa reorganização da carteira global acontece ainda com o dólar apresentando leve alta, o que revela nuances táticas. Por um lado, os investidores aproveitam o carry da taxa de juros brasileira. Por outro lado, capturam fragmentos de valorização cambial. Porém, nem todo fluxo é igual: a qualidade do capital (versus quantidade) e a liquidez dos papéis determinam se o movimento impacta ou não os spreads soberanos do Brasil.
Apesar do otimismo com a performance recente, gestores alertam para riscos. Em primeiro lugar, a retomada da imposição de tarifas pelos EUA. Em segundo lugar, a possível retração do dólar após alta em julho. Ambos fatores podem reverter o movimento atual.
Nesse sentido, a estratégia adotada por grandes alocadores — incluindo fundos soberanos e casas como BlackRock e PIMCO — mostra uma reorientação do capital. Acima de tudo, eles buscam ativos de países em desenvolvimento com bônus real e perspectivas de valorização em reais.
O que esses movimentos significam?
O reajuste de preferência por ETFs de mercados emergentes sinaliza que investidores buscam maior diversificação e rendimento real. Isso é ainda mais relevante num ambiente global de taxas ainda elevadas.
Para o Brasil, isso significa janelas de oportunidade em fundos como o iShares MSCI Emerging Markets ETF (EEM). Estes capturam essa rotação global. Não obstante, o capital não é direcionado diretamente a ETFs brasileiros como EWZ, que permanece vulnerável a resgates.
Ao mesmo tempo, uma eventual reversão do fluxo externo ou avanço do dólar pode transformar esse movimento. Como resultado, poderá haver pressão sobre os spreads de renda fixa e renovação do risco-país. Além disso, a liquidez restrita e o comprimento reduzido do mercado de crédito brasileiro tornam essa operação particularmente sensível a mudanças rápidas.