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CPI dos EUA de julho vem em 2,7% ao ano; núcleo sobe a 3,1% e mantém Fed no radar

Inflação mensal avança 0,2% e núcleo 0,3%; dólar recua de leve e juros longos oscilam com apostas de corte em setembro

EUA / CPI
Dados de inflação americana mostram desinflação gradual, mas núcleo persistente impacta mercados globais e perspectivas para corte de juros | Crédito: Pexels

O CPI dos EUA (inflação ao consumidor) subiu 0,2% em julho e atingiu 2,7% em 12 meses. Esse resultado ficou em linha ou levemente abaixo do esperado. Já o núcleo (sem alimentos e energia) avançou 0,3% no mês e 3,1% na base anual. Isso sinaliza pressão um pouco maior na tendência subjacente, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (12).

A composição mostrou queda na energia e estabilidade nos alimentos. Por outro lado, moradia e itens de serviços puxaram o núcleo para cima, movimento que explica a aceleração anual para 3,1%. Em outras palavras, o dado “cheio” arrefeceu, mas o núcleo seguiu resistente.

Nos mercados, a leitura foi benigna para o risco. As bolsas firmaram alta moderada, o dólar cedeu de leve e os Treasuries oscilaram perto da estabilidade. Além disso, os traders mantêm a precificação de corte de juros pelo Fed em setembro. Ainda assim, a surpresa no núcleo mantém cautela para a trajetória de 2025.

Para o Federal Reserve, o quadro reforça a tese de desinflação gradual. No entanto, não encerra o debate sobre persistência de serviços. A autoridade monetária continuará observando núcleos, aluguel equivalente e salários antes de definir o próximo passo.

Como os dados do CPI dos EUA afetam o Brasil?

Se o headline mais frio e o núcleo controlado prevalecerem nos próximos meses, o apetite por risco em emergentes tende a melhorar. Isso resultará em dólar mais fraco, juros globais mais baixos e fluxo para ativos de países como o Brasil. Como resultado, a curva futura local costuma fechar, apoiando bolsa e crédito.

Num cenário misto, com núcleo teimoso e headline benigno, o efeito é seletivo. Nesse sentido, o câmbio pode seguir volátil, e a B3 fica sensível a commodities e à rotação global entre setores, com juros longos dos EUA ditando o ritmo.

Se vier uma reaceleração do núcleo nos próximos relatórios, o Fed pode adiar ou reduzir o ciclo de cortes. Nesse caso, há risco de dólar mais forte, juros altos por mais tempo e pressão sobre ativos locais. Em conclusão, o impacto para o Brasil passa por câmbio, custo de capital e fluxos.