O Global PMI Commodity Price & Supply Index, compilado pela S&P Global, mostra aumento nas pressões sobre oferta e preços de commodities globalmente. Pela primeira vez em trimestres, matérias-primas industriais e agrícolas regionais lideram essa alta. Como resultado, o debate sobre inflação importada e custos operacionais intensos ganha força novamente.
No mercado de soja, novos alertas surgem nos EUA. De acordo com a AgResource, sem avanço no acordo com a China, as exportações americanas podem cair até 20% no ano. Em contrapartida, o Brasil ganha espaço no mercado. Além disso, os preços permanecem elevados, mesmo com estoque crescente na China devido ao excesso de milho e farelo.
O minério de ferro também apresenta recuperação modesta. Atualmente, a cotação global do contrato CFR China gira entre US$ 97 e 99/t, representando uma alta mensal de 4-5%. No entanto, o preço ainda segue abaixo do patamar anual. Este cenário reflete não apenas restrições logísticas de oferta anterior, mas também reabastecimento chinês e incertezas regulatórias em mineradoras.
Apesar disso, o aumento das commodities pressiona insumos industriais e agrícolas no Brasil, como fertilizantes, aço e insumos químicos, afetando as margens de empresas locais. Ao mesmo tempo, o país mantém-se altamente competitivo em exportações, abrindo oportunidades via ETFs de commodities ou ações de mineração e agro como Gerdau e Vale.
O cenário externo também reflete crescente especulação sobre tarifas americanas e mudança de política macro. Por isso, o fluxo internacional migra para países exportadores de commodities e ETFs temáticos. Dessa forma, ativos brasileiros com receita externa ganham visibilidade e abrem espaço para operações táticas no setor.
O que isso significa para seus investimentos?
Em primeiro lugar, o avanço nos preços de commodities sugere risco inflacionário indireto, especialmente para indústrias expostas a custo global. Por isso, é fundamental avaliar o estágio do portfólio e exposição às cadeias de valor internacional. Sem dúvida, exportadoras e fundos de índice vinculados a commodities agrícolas e metálicas podem oferecer hedge natural.
ETFs negociados na B3 como CORN11 (milho), AGRI11 (índice agro) e BBAS11 (banileiro de estratégia especial) tornam-se opções acessíveis a fim de investir na alta das commodities brasileiras. No âmbito global, ETFs como iShares S&P GSCI Commodity-Indexed Trust ou Invesco DB Commodity Index Tracking podem replicar essa valorização.
Por outro lado, quem opera no crédito ou renda fixa deve acompanhar de perto os spread dos ativos sensíveis à inflação de commodities, já que podem reduzir os ganhos reais. Nesse sentido, recomenda-se reconversão tática para ativos com hedge cambial ou de renda fixa real — como títulos indexados ou ETFs de crédito de renda real.
Por fim, a volatilidade regulatória (como antidumping ou tarifas nos EUA) pode reverter rapidamente os movimentos de preço. A fim de antecipar mudanças bruscas no mercado de commodities, é essencial manter alertas ativos sobre a agenda regulatória internacional e volume de estoque global.