Nesta terça-feira, 4 de fevereiro, a China anunciou a imposição de tarifas retaliatórias sobre as importações de petróleo bruto, gás natural liquefeito (GNL) e carvão dos Estados Unidos.
A decisão ocorre em resposta a tarifas previamente estabelecidas pelos EUA durante a gestão do presidente Donald Trump.
Contudo, o impacto da medida seria relativamente limitado, já que as importações chinesas de energia dos EUA representam uma parcela modesta do mercado chinês.
O Ministério das Finanças da China informou que, a partir da próxima segunda-feira, 10 de fevereiro, vai ser aplicada uma tarifa de 15% sobre as importações de carvão e GNL dos EUA, além de 10% sobre o petróleo bruto.
A medida também inclui taxas sobre equipamentos agrícolas e alguns modelos de automóveis.
Essas tarifas seguem a imposição de tarifas pelos EUA durante a guerra comercial que teve início no primeiro governo de Trump, afetando principalmente os produtos de energia.
As importações de petróleo bruto da China provenientes dos Estados Unidos caíram significativamente em 2024.
De acordo com dados da Administração de Informações sobre Energia (AIE) dos EUA, o país asiático comprou cerca de 230.540 barris por dia (bpd) nos primeiros 11 meses de 2024 – uma redução de 52% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em termos de valor, essas importações representaram aproximadamente US$ 6 bilhões, ou 1,70% do total de importações de petróleo bruto da China.
O cenário das importações de GNL da China, no entanto, apresenta uma realidade distinta.
A China aumentou significativamente suas compras de gás natural liquefeito dos Estados Unidos, e atingiu 4,16 milhões de toneladas em 2024, no valor de aproximadamente US$ 2,410 bilhões.
Esse aumento representa quase o dobro do volume importado em 2018 e corresponde a 5,4% das importações totais de GNL da China.
Contudo, a tarifa de 15,00% sobre o GNL pode afetar a atratividade das compras de carga spot dos EUA, já que o GNL comprado por meio de contratos de longo prazo ainda pode ser competitivo, mesmo com a tarifa adicional.
Analistas sugerem que, apesar da tarifa, os compradores chineses de GNL podem continuar a preferir o gás natural proveniente dos EUA, devido à sua competitividade no mercado de contratos de longo prazo.
Contudo, a tarifa pode tornar menos vantajosa a compra de carga spot (ofertas de curto prazo), o que levaria as empresas chinesas a buscar alternativas de fornecedores, especialmente na Ásia.
A imposição de tarifas também traz um impacto sobre os acordos de fornecimento de longo prazo de GNL entre os EUA e as empresas chinesas, especialmente aquelas de menor porte, como as concessionárias de gás urbano.
A dificuldade para negociar tarifas vantajosas pode fazer com que esses compradores busquem outras opções de fornecimento, conforme indicado por comerciantes especializados.
Relembre a guerra comercial entre China e EUA no primeiro governo de Donald Trump
Durante a guerra comercial entre os EUA e a China, no primeiro governo de Trump, a China já havia imposto tarifas de 25% sobre o petróleo bruto dos EUA.
Isso resultou na interrupção das compras de 300.000 a 400.000 barris por dia de petróleo americano, e a China buscou alternativas em fornecedores de África Ocidental e Ásia.
A imposição das novas tarifas pode afetar até 100.000 BPD das compras de petróleo dos EUA para a China, o que não representa uma quantidade significativa para as refinarias chinesas, mas certamente vai implicar no aumento dos custos de aquisição do West Texas Intermediate (WTI), o tipo de petróleo mais negociado entre os dois países.
Como a Sinopec foi afetada?
Entre as empresas mais afetadas, destaca-se a gigante estatal de refino Sinopec, a maior compradora de petróleo dos EUA.
A gigante chinesa de petróleo deve buscar isenções de tarifas, como fez anteriormente, e refinarias podem se voltar para alternativas provenientes do Oriente Médio e África.
No entanto, conforme apontado por um comerciante de petróleo, a tarifa sobre o petróleo dos EUA deve ter um impacto mais direto sobre a Sinopec do que sobre outras refinarias de menor porte na China.
E quanto ao carvão?
Embora a China não seja um grande importador de carvão dos Estados Unidos, o volume de carvão de coque importado aumentou consideravelmente, a US$ 1,84 bilhão em 2024, o que representa um aumento de quase um terço em relação ao ano anterior.
O carvão de coque se utiliza principalmente na fabricação de aço, e a imposição das novas tarifas pode afetar diretamente o fornecimento desse combustível para a indústria chinesa.
As informações são de CNN Brasil.