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China: novos empréstimos encolhem pela 1ª vez em 20 anos

Sinal de fraqueza no crédito pressiona expectativas por estímulos, apesar de liquidez maior no sistema

China
Banco central chinês em Pequim: contração em novos empréstimos bancários preocupa analistas, enquanto liquidez no sistema financeiro permanece elevada | Crédito: Unsplash

A China registrou contração de cerca de ¥50 bilhões em novos empréstimos bancários em julho. Esta é a primeira queda em duas décadas. O resultado frustrou a mediana que apontava alta de ~¥300 bilhões. Além disso, sucede um junho muito forte. Ao mesmo tempo, a base monetária M2 subiu 8,8% a/a, indicando liquidez elevada no sistema financeiro.

O recuo veio após ¥2,24 trilhões em novos empréstimos em junho. De acordo com analistas, a virada deve-se à demanda fraca do setor privado. Além disso, o imobiliário permanece pressionado. Fatores sazonais típicos do mês também contribuíram. Em outras palavras, há dinheiro no sistema, mas o apetite para tomar crédito segue baixo.

O indicador mais amplo de crédito, que inclui financiamento fora do balanço, também mostrou crescimento moderado. Sem dúvida, a leitura reforça a tese de atividade morna e confiança empresarial contida, mesmo com medidas de suporte já adotadas.

Em resposta ao quadro, Pequim testa estímulos direcionados, como subsídios a juros para consumo e serviços. A fim de impulsionar a demanda, o governo age sem comprimir ainda mais as margens dos bancos. Ainda assim, economistas veem impacto limitado se a confiança não reagir.

Em síntese, a combinação de crédito fraco e M2 elevado mantém o debate sobre novas ações do PBoC. Por ora, a leitura dominante é de cautela. Acima de tudo, há preferência por instrumentos focados em vez de cortes amplos de juros ou de compulsório.

De que forma isso afeta o seu bolso?

Para commodities e bolsa brasileira, a fotografia de crescimento fraco na China costuma reduzir fôlego de metais e petróleo. Como resultado, empresas ligadas a ciclo global tendem a oscilar mais. No entanto, se os estímulos ganharem tração, o movimento pode se reverter gradualmente.

No câmbio, sinais de atividade mais fraca na China podem fortalecer o dólar por aversão a risco. Por causa disso, moedas emergentes ficam pressionadas, inclusive o real. Consequentemente, importados podem encarecer. Por outro lado, estímulos bem-sucedidos tendem a apoiar moedas e ativos de risco.

Para a sua carteira, diversifique. Em primeiro lugar, reduza concentração em teses muito dependentes da demanda chinesa no curto prazo. Em segundo lugar, monitore o fluxo de notícias sobre medidas de apoio em Pequim. Por fim, ajuste gradualmente a alocação conforme a confiança e o crédito mostrarem sinais de recuperação sustentada.