Em uma decisão amplamente esperada, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira uma redução de sua taxa básica de juros em um quarto de ponto percentual.
A medida ocorre em meio a um ambiente econômico incerto e coloca a taxa de depósito em 3% – a quarta redução desse tipo desde junho.
Essa postura ocorre paralelamente à expectativa de que o Federal Reserve (FED), o Banco Central dos Estados Unidos, faça um movimento similar na próxima semana.
No entanto, as perspectivas futuras para as duas instituições diferem consideravelmente.
Divergências entre o BCE e o Federal Reserve
Enquanto o Federal Reserve deve desacelerar o ritmo das reduções a partir de 2024, a autoridade monetária europeia coloca-se mais propenso a manter a trajetória de cortes no próximo ano.
A diferença entre as abordagens reflete o contraste econômico entre as regiões.
Nos Estados Unidos, o crescimento econômico segue robusto, apesar de a inflação ainda estar acima da meta estipulada pelo Federal Reserve.
Já na Europa, o crescimento tem sido considerado morno, e a inflação, embora em desaceleração, ainda não alcançou de forma sustentada a meta de 2% definida pelo BCE.
“A economia europeia enfrenta desafios significativos. O crescimento acelerou no terceiro trimestre, mas os indicadores sugerem uma desaceleração no trimestre atual”, afirmou o BCE, em comunicado.
Fatores políticos e comerciais pressionam a recuperação da economia europeia
A recuperação econômica na Europa também tem sido amplamente dificultada por fatores políticos e comerciais.
A possível imposição de tarifas sobre exportações europeias pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, adiciona incertezas ao cenário global.
Além disso, as crises políticas na França e na Alemanha, que juntas representam as maiores economias entre os 20 países que compartilham o Euro, intensificam a instabilidade.
Ambos os países enfrentam impasses políticos que os deixam temporariamente sem governos plenamente funcionais, o que limitam suas capacidades de resposta aos desafios econômicos.
Previsões e debates internos que antecederam a decisão do BCE
Durante a reunião que definiu a nova redução, os formuladores de políticas do BCE estiveram divididos. Alguns membros defenderam um corte mais significativo, de meio ponto percentual, enquanto outros consideraram a medida exagerada. “O processo de desinflação está bem encaminhado”, pontuou o BCE.
Mesmo assim, as previsões atualizadas indicam uma perspectiva econômica mais fraca em comparação com as projeções de três meses atrás.
Para os próximos anos, o BCE estima um crescimento de 0,70% em 2024, 1,10% em 2025 e 1,40% em 2026. Já a inflação deve cair para 2,10% em 2024, antes de atingir um patamar inferior à meta de 2,00% em 2025.
Christine Lagarde, presidente do BCE, enfatizou em entrevista coletiva realizada após a decisão que a instituição permanece dependente de dados econômicos e não está “pré-comprometida com uma trajetória de taxa específica“.
O BCE enfrentou comparações com o Banco Nacional Suíço, que surpreendeu os mercados ao anunciar um corte mais agressivo do que o esperado no mesmo dia.
A decisão suíça reforça a percepção de que os bancos centrais ajustam rapidamente suas políticas monetárias em resposta a dinâmicas econômicas globais.
Como decidiu o BCE, em meio às expectativas para o Federal Reserve
A decisão do BCE ocorre a menos de uma semana do aguardado anúncio do Federal Reserve, previsto para 18 de dezembro.
Enquanto o BCE parece focado em impulsionar o crescimento e conter a desaceleração, o Fed enfrenta um dilema diferente: equilibrar um crescimento sólido com uma inflação persistentemente alta.
Com inflação moderada, crescimento lento e tensões políticas, a Zona do Euro busca se ajustar a um ambiente global marcado por incertezas comerciais e competitividade internacional.
As informações são de MarketWatch.