Juros

Banco do Canadá mantém taxa de juros em 2,75% e adota tom cauteloso

Decisão era esperada; relutância em cortar reflete incertezas comerciais e inflação persistente

Banco Central do Canadá / Juros Canadá
Banco do Canadá em Ottawa mantém política monetária conservadora enquanto analisa dados de inflação e comércio para futuras decisões de juros | Crédito: Flickr

O Banco do Canadá (BoC) decidiu hoje segurar a taxa básica de juros em 2,75%. Este patamar permanece inalterado desde março. A medida alinha-se às expectativas do mercado e reflete cautela diante de um panorama econômico incerto. Em primeiro lugar, a decisão marca a terceira reunião consecutiva sem alterações. Além disso, indica prudência em meio a tensões comerciais e inflação ainda acima do centro da meta.

O BoC destacou que, apesar de avanços no mercado de trabalho e inflação moderada, os riscos associados ao comércio com os EUA permanecem elevados. Por outro lado, o banco adotará uma postura menos “proativa” e mais alinhada às incertezas globais. Dessa forma, sinaliza que cortes de juros dependem diretamente da evolução dos dados econômicos.

A inflação no Canadá permanece dentro da faixa-alvo (1% a 3%). No entanto, o núcleo continua acima de 3%. Assim sendo, o BoC enfatizou que precisa ver mais avanços na luta contra pressões subjacentes antes de autorizar uma flexibilização monetária.

A reação do mercado foi moderada. Nesse sentido, o dólar canadense cedeu cerca de 0,3% frente ao dólar americano. Isto é, os investidores movimentaram-se cautelosamente diante da falta de novidades significativas na ata e no tom comunicado pela autoridade monetária.

Segundo pesquisa da Reuters com 28 economistas, todos previam a manutenção da taxa hoje. Além disso, a maioria (18 dos 28) antecipa um corte em setembro para 2,50%. Bem como esperam ao menos duas reduções até o final do ano, desde que os dados continuem acessivos.

Como isso afeta o Brasil?

A decisão de manter os juros no Canadá reforça a abordagem cautelosa dos grandes bancos centrais. Sem dúvida, esta postura relaciona-se às tensões comerciais que envolvem o principal parceiro de ambos, os EUA. Para o Brasil, isso implica continuidade da força do dólar e risco de elevação no dólar canadense. Como resultado, há influência nos fluxos de capital e manutenção de juros globais elevados.

Em um cenário com juros globais ainda elevados, investidores provavelmente continuarão buscando ativos em renda fixa e moedas fortes como o dólar. Dessa maneira, reduz-se a pressão sobre investimentos no Brasil. Em consequência, isso pode impactar o real e manter os juros futuros elevados, afetando estratégias de investimento em renda fixa e câmbio.

Por fim, a estabilidade dos juros canadenses sinaliza que mercados emergentes como o Brasil permanecem vulneráveis às oscilações de capital externo. Desse modo, a trajetória do Fed e do BoC reforçam a necessidade de atenção ao cenário global e à política monetária nos EUA antes de prever quedas de juros no Brasil.