O mercado global reagiu com forte aversão ao risco nesta sexta-feira (10) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma nova tarifa de 100% sobre produtos chineses. A medida, que entra em vigor em 1º de novembro, intensificou a tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo e atingiu diretamente os ativos emergentes, incluindo o Brasil.
Impacto imediato no Brasil
O iShares MSCI Brazil (EWZ) — principal ETF que replica o desempenho da bolsa brasileira em Nova York — fechou com queda de 2,98%, cotado a US$ 28,79, e chegou a acelerar as perdas no pós-mercado após o anúncio de Trump.
No mesmo sentido, o Ibovespa futuro recuou 1,15%, a 140.235 pontos.
O dólar futuro para novembro disparou 2,83%, encerrando a sessão a R$ 5,5590, enquanto o dólar à vista subiu 2,39%, para R$ 5,5037 — o maior nível desde 5 de agosto.
Segundo analistas, a declaração de Trump amplia o temor de um novo ciclo de guerra comercial, o que pressiona commodities, moedas emergentes e ativos de risco em geral.
Petróleo em queda e aversão global
Entre as commodities, o petróleo também sentiu o impacto da notícia.
O Brent para dezembro recuou 4,62%, a US$ 62,21, e o WTI para novembro caiu 5,20%, cotado a US$ 58,31, refletindo preocupações com menor demanda global.
“Choque externo exige postura global”, diz Fábio Murad
Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, choques desse tipo reforçam a importância da diversificação internacional:
“Quando um evento isolado em Washington derruba o real e o Ibovespa, fica claro que o investidor brasileiro precisa ter parte de sua carteira dolarizada. O EWZ é um exemplo de como o capital global vê o Brasil — e o quanto dependemos do humor externo”, afirma Murad.
Segundo ele, estratégias baseadas em ETFs e renda em dólar são essenciais para blindar o patrimônio em tempos de turbulência.
“A renda global não é luxo, é proteção. O investidor que opera só no Brasil joga um jogo em que o campo inclina contra ele”, completa.
Trump x China: tensão reacesa
Em publicação na rede social Truth, Trump afirmou que a China “assumiu uma posição extraordinariamente agressiva em relação ao comércio”, enviando uma carta “hostil ao mundo”. O republicano justificou as novas tarifas como resposta à intenção de Pequim de impor controles de exportação em larga escala “a praticamente todos os produtos que fabrica”.
A medida não surpreendeu parte do mercado, já que o próprio Trump havia sinalizado horas antes que avaliava “novas taxas ao gigante asiático”. Ainda assim, o anúncio oficial aumentou a percepção de risco global e levou investidores a buscar ativos de segurança, como dólar e Treasuries.
Perspectiva para o investidor brasileiro
A escalada da tensão entre EUA e China tende a manter o dólar pressionado e o mercado doméstico volátil.
Para Murad, o momento reforça uma lição prática de finanças globais:
“Não se trata de prever Trump, Xi ou o Fed. Trata-se de construir uma estratégia que sobreviva a qualquer um deles. Com ETFs e renda em dólar, o investidor brasileiro deixa de ser refém da política e do câmbio”, explica.
A recomendação, segundo o especialista, é usar os períodos de estresse para reposicionar portfólios, privilegiando ativos dolarizados e fundos globais de baixo custo.
Resumo do dia
- EWZ: –2,98%, a US$ 28,79
- Ibovespa Futuro: –1,15%, a 140.235 pts
- Dólar Futuro (novembro): +2,83%, a R$ 5,5590
- Dólar à Vista: +2,39%, a R$ 5,5037
- Brent (dezembro): –4,62%, a US$ 62,21
- WTI (novembro): –5,20%, a US$ 58,31
A nova tarifa de Trump reacende temores de desaceleração global e provoca fuga de capitais de mercados emergentes. Para o investidor brasileiro, o episódio é mais um lembrete de que diversificação internacional e exposição em dólar são estratégias indispensáveis para preservar valor em tempos de volatilidade.
Como diz Fábio Murad, “a independência financeira começa quando você deixa de depender do real para medir sua riqueza”.