quarta, 08 de maio de 2024
Economia

EUA: PIB do 1º trimestre acentua cenário de política monetária imprevisível, dizem analistas

Dados mistos da economia norte-americana dão sinais contraditórios e inflação medida pelo PCE pode ser a última alternativa para maior clareza sobre os próximos passos do Federal Reserve

25 abril 2024 - 13h02Por Lucas de Andrade

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu 1,6% no primeiro trimestre de 2024, número inferior a expansão de 3,4% observada no 4º trimestre do ano passado, e ainda abaixo do avanço de 2,4% aguardado pelo consenso LSEG.

Para o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, os dados acentuam um cenário que já era imprevisível para a política monetária norte-americana, uma vez que os últimos números dão sinais mistos.

“Os Índices de Gerentes de Compras (PMIs), divulgados nesta semana, surpreenderam os investidores, com comportamento abaixo das expectativas. Ao mesmo tempo, as vendas de novas moradias aumentaram 8,8% em março em relação a fevereiro, quando as expectativas apontavam para crescimento de 1,2% e as encomendas de bens duráveis aumentaram 2,6% em março em relação a fevereiro, quando as expectativas apontavam para crescimento de 2,0% no mês”, elencou.

Na visão de Camargo, em razão de uma estratégia adotada desde meados do ano passado, o próprio Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), alimenta a imprevisibilidade.

De acordo com o economista, a definição da trajetória da taxa de juros da economia americana tornou-se totalmente dependente dos dados, o que “acabou por tornar a política monetária do país e os preços dos ativos financeiros no mercado internacional praticamente imprevisível”.

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, e observa que as primeiras estimativas também “trazem sinais contraditórios”.

“De um lado, o indicador de atividade aponta para uma desaceleração considerável frente ao observado no final do ano passado. De outro, os números de inflação que acompanham o relatório são fortes e reforçam as dúvidas sobre as perspectivas do início do ciclo de cortes nas taxas de juros. No limite, esse quadro liga um alerta para possibilidades da chamada (e tão temida) estagflação.Os principais índices da bolsa americana caíam após a divulgação, pressionados também por respostas a resultados corporativos e guidances de grandes empresas”, declarou.

Todas as atenções agora estarão voltadas para a divulgação dos números de inflação medidos pelo PCE (sigla em inglês para índice de preços de gastos com consumo pessoal) amanhã (25).

Caso o PCE de março sinalize uma trajetória de inflação rumo à meta de 2%, Igliori acredita que o discurso pode perder parte do tom “hawkish” adotado recentemente. “De outro modo, as esperanças de cortes em 2024 sofrerão mais um baque”, afirma.

Na opinião do economista, há apenas uma certeza: “não faltarão emoções nesses dias que antecedem a próxima reunião do FOMC, que acontece na semana que vem”.