segunda, 29 de abril de 2024
Economia

Corte de juros nos EUA pode causar efeito "rebote" na economia mundial; saiba por quê

Aqui no Brasil, especialista diz existir uma possibilidade de diminuição do Ibovespa, já que o investidor estrangeiro pode deixar o país

06 fevereiro 2024 - 12h06Por Redação SpaceMoney

A manutenção dos juros americanos por parte do Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode causar um efeito “rebote” na economia mundial, bem como no Ibovespa, segundo o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike, para quem o investidor estrangeiro já começa a deixar o Brasil.

“O Brasil recebeu R$ 56 bilhões de investimento estrangeiro para renda variável no Ibovespa em janeiro. Em contrapartida, houve fuga de R$ 5,3 bilhões, ou seja, em termos de realização de lucro, o país já teve um aumento acima dos 20% em 2023 e isso faz com que 2024 seja desafiador para o mercado de capitais”, diz.

Segundo Eyng, existe uma possibilidade de diminuição do Ibovespa porque é uma capitalização que faz o índice, o que implica dizer que é uma soma de valores e esse temor acerca do rebote é válido e os investidores precisam ficar de olho.

“Tanto é assim que o Banco Central (BC) já deu previsibilidade de uma diminuição nas duas próximas taxas Selic e, desta forma, a diferença entre o juro americano e o juro brasileiro tende a diminuir, o que reflete no spread. Com isso, o investidor começa a tirar dinheiro do Brasil e alocar em outros mercados em busca do melhor retorno”, ressalta.

 

Mas, o que é o efeito rebote?

De acordo com Eyng, o efeito rebote, neste contexto de Fed e juros, é o banco americano manter a taxa sem corte - como vem fazendo, para tentar conter a inflação norte-americana e, além de contê-la, trazê-la à meta, mas, ao final, obter o efeito imediatamente contrário, como uma elevação da inflação no país. 

O temor dos economistas se pauta, inclusive, nos dados recentes dos EUA, cujos números mostram economia aquecidamercado de trabalho aquecido e setor de serviços aquecido. Em tese, se estes setores estão em expansão, significa que o consumo elevado tende a se manter, o que acaba dando suporte para que a inflação permaneça elevada.

Logo, segundo Eyng, todo esse esforço por parte da autoridade monetária dos EUA tem por objetivo reduzir o consumo, de maneira que a “força” dos preços comece a recuar.

Esta é a razão pela qual existem analistas e até autoridades políticas americanas que passaram a criticar a demora no início do ciclo de corte de juros pelo Fed, cuja expectativa inicial estava pautada para março, mas agora a previsão é de iniciar somente em maio.

Desta forma, há quem considere que quando o Fed finalmente cortar os juros, essa “tesourada” não terá efeito.

 

O que quer o Fed?

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) optou por manter, em janeiro, as taxas de juros dos EUA em uma faixa entre 5,25% e 5,5%. O banco central justifica sua decisão afirmando que "não considera apropriado estreitar o intervalo até que haja maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta de 2%". 

Após 11 aumentos consecutivos, a política monetária tem sido mantida inalterada nos níveis mais elevados em 22 anos desde julho. Embora reconheça que houve um alívio no aumento dos preços ao longo do último ano, o Fed considera que a inflação permanece elevada. Em dezembro, o índice de preços ao consumidor situou-se em 3,4%, ligeiramente acima do esperado (3,2%).

 

Para onde vai o Ibovespa?

Por volta das 10h desta terça-feira (6) o Ibovespa operava acima dos 127 mil pontos e algumas casas de análise projetam que o índice pode fechar em 2024 aos 140 mil pontos. Os investidores mais otimistas começam a colocar “um pezinho” na renda variável após longos meses na segurança da renda fixa.

Entretanto, os movimentos dos investidores estrangeiros, por sua vez, indicam que há um rali pelo melhor spread - que é a discrepância entre o preço de compra e venda de um ativo, título ou operação financeira. Isso mostra que, em certa medida, o Brasil começa a deixar de ser tão interessante como vinha sendo para o capital estrangeiro. 

 

Qual é o saldo a B3?

No dia 1º de fevereiro os investidores estrangeiros retiraram R$ 400,8 milhões do segmento secundário da B3 (ações já listadas), enquanto o Ibovespa registrou um aumento de 0,57%. Como resultado, o saldo negativo acumulado do ano para esta categoria atingiu R$ 8,30 bilhões.

Por outro lado, os investidores institucionais injetaram R$ 72,6 milhões no mesmo dia, elevando o déficit do grupo no ano para R$ 491,0 milhões.

Enquanto isso, os investidores individuais aplicaram R$ 194,8 milhões na mesma data, resultando em um superávit acumulado de R$ 4,24 bilhões para o ano de 2024. Estes dados foram divulgados pela B3.