sábado, 27 de abril de 2024

Luz, Câmera, IPO

Uma breve análise do dia depois do IPO

29 setembro 2022 - 14h12
Luz, Câmera, IPO

IPO (Initial Public Oferring), sigla em inglês que em português significa Oferta Pública Inicial, se traduz em momento único vivido por uma empresa. De fato, representa um grande marco, pois é o primeiro caminho de acesso à economia popular, por meio da emissão de ações, seja emissões primárias ou secundárias e comercialização no mercado bursátil, sendo que no caso brasileiro, a única bolsa de valores homologada é atualmente a B3 (antigamente denominada com Bovespa). 

Em outras palavras, o momento do IPO para uma companhia de fato representa um importante marco, geralmente é um momento de euforia para os Diretores, founders e proprietários e equipe de trabalho, pois, no geral, trata-se de um momento em que a Companhia atinge a maturidade com operações consolidadas, capazes de performar com excelência, e uma oportunidade de acesso a vultosos valores para promover um crescimento expressivo em decorrência dos recursos amealhados pelo próprio IPO.

Analisando de forma pragmática, de fato é um momento único, complexo, trabalhoso e minucioso, que requer uma análise cuidadosa, em especial das vantagens e desvantagens de tal processo.

Desvantagens

A rigor, se pode observar 4 grandes desvantagens, sendo elas: (i) burocracia (e custos); (ii) fiscalização mais rígida; (iii) falta de sigilo; (iv) menor liberdade para decisões estratégicas.  

O processo de IPO envolve a necessidade de produção de uma série de documentos, criação de práticas e políticas, a construção de muitas estruturas de governança e compliance, necessárias para a manutenção e acompanhamento pelos acionistas. Toda essa nova estrutura de governança além de aumentar a burocracia no desenvolvimento e tomada de decisão, implica em um aumento considerável nos custos.

Além disso, pela própria transparência e visibilidade, o efeito colateral natural, é um aumento natural dos órgãos de fiscalização. Por fim, a necessidade de transparência, acarreta na  falta de sigilo, que no mundo dos negócios se mostra salutar para o desenvolvimento de uma estratégia de crescimento, inclusive em relação aos concorrentes, gerando uma menor liberdade na tomada de decisão, haja vista a necessidade de submissão das grandes decisões aos mencionados órgãos de governança corporativa.

Vantagens

Por outro lado, as vantagens são facilmente evidenciadas e iremos analisar somente as principais.

Primeiramente, trata-se de uma forma de captação de recursos relativamente barata, o que estimula e viabiliza os planos de crescimentos orgânicos e inorgânicos (aquisição de sociedades estratégicas).

Outro fator muito exaltado é a atratividade de melhores profissionais. Os profissionais estratégicos (em cargos de gerência e C-Levels) vislumbram uma importante oportunidade de trabalhar em companhias abertas pela natural possibilidade de receber parcela de seus vencimentos em remuneração baseadas em ações (stock options), o que alinha os interesses de tais profissionais ao crescimento da Companhia, sendo uma verdadeira oportunidade de enriquecimento.

Ainda, o próprio IPO atrai uma natural visibilidade da Companhia, de seus negócios, de suas marcas, gerando inúmeras oportunidades, uma vez que cria um network entre potenciais investidores e parceiros de negócios, que passam a compreender como as partes podem se associar e gerar riquezas em conjunto.

Naturalmente, é preciso avaliar os prós e contras, e, sem fazer um juízo de valor, resta claro, uma predominância das vantagens, o que impulsiona e estimula muitos empresários a seguirem para a jornada de IPO.

Conclusão

Passada a euforia e todo o assessoramento dos muitos profissionais que trabalham no procedimento do IPO, os meses que sucedem são de fatos muito desafiadores e irão revelar se de fato a Companhia irá conseguir o crescimento almejado.

Tais meses são a verdade prova de fogo, pois a Companhia se vê sozinha para navegar pelo emarando de regras contábeis, necessidade de compliance e disclosure das ações tomadas pela alta administração, da necessidade da estrita observância das normas da CVM (relativas a registro de companhia abertas e divulgação e uso de informações sobre ato ou fato relevante) e da autoregulação decorrentes dos níveis de governança da B3.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.