terça, 07 de maio de 2024
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Finanças Descomplicadas

Eli Borochovicius

Eli Borochovicius é professor de finanças e coordenador da Liga de Mercado Financeiro e de Capitais na PUC-Campinas, palestrante, colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas e criador das tirinhas de educação financeira e empreendedora EconoNina & EmpreendeDóra. Administrador, Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA pela FGV/Babson College (Estados Unidos) em Gestão e Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de Diretor Financeiro em empresa High Tech em Israel. Possui artigos científicos Qualis-Capes A1 e A2 publicados.

Vamos falar de fraudes?

O crescente número de fraudes financeiras nos faz refletir sobre a urgência em dialogar sobre o assunto nas aulas de educação financeira nas escolas.

21 abril 2023 - 08h00
Vamos falar de fraudes?

Existe um ditado popular - de autor desconhecido - que diz: “Todo dia sai na rua um otário e um esperto. Se eles se encontram, sai negócio”. O ditado serve para o sujeito ganancioso, aquele que tem um desejo exacerbado de obter ganhos exorbitantes em um espaço curto de tempo, que geralmente se acha esperto, mas que é passado para trás pelo verdadeiro, embora indesejado, esperto.

No entanto, o ditado acaba servindo também aos inexperientes ou ainda, ingênuos. Sujeitos de boa índole, que partem da premissa da existência da boa fé do outro e são otimistas quanto à capacidade do ser-humano ser humano, mas acabam decepcionados pela dura realidade que a vida apresenta.

Já o esperto, não se trata de algo positivo como a pessoa interessante, inteligente, enérgica ou sagaz, mas sim, por ironia, o ardiloso, o sorrateiro ou o malandro.

Um dos papéis da educação financeira é justamente reduzir o número de espertos por meio do estudo da ética e o número de otários e ingênuos por meio do conhecimento sobre as mais variadas ferramentas utilizadas intencionalmente para a prática criminosa.

A ideia é reduzir o número deles, ou ainda, a possibilidade de se encontrarem. E se isso acontecer, que o resultado do encontro seja infrutífero.

O número de vendas cresceu e com ele, a quantidade de fraudes. De acordo com a empresa Konduto, pioneira mundial na utilização das tecnologias de machine learning e monitoramento de comportamento de navegação para
combater a fraude on-line, em 2022 foram detectados quase 13 milhões de tentativas de fraudes nos mais de 200 milhões de pedidos analisados, representando aproximadamente 6% em fraudes.

E se engana quem acredita que fraudador não dorme. O Censo da fraude 2022 apontou que 92% das fraudes não aconteceram durante a madrugada. No entanto, final de semana não é dia de descanso para os malandros, afinal, mais de 20% das fraudes ocorreram aos sábados e domingos.

Além das fraudes comerciais, geralmente promovidas por meio da geração de boletos falsos, roubo de dados de cartão de crédito e links com promoções inexistentes, ainda são comuns os golpes financeiros realizados por empresas de
fachada que oferecem crédito fácil a taxas convidativas, por pessoas mal intencionadas que apresentam opções de investimentos com alta lucratividade, retorno garantido e em curto espaço de tempo e mais recentemente, golpistas oferecendo transações em criptoativos, que muitas vezes, sequer existem.

Diferentemente do que muitos pensam, educação financeira nas escolas não é sobre investir, sobre empreender ou ainda sobre explorar o próximo, mas é preparar os jovens para serem financeiramente responsáveis, éticos e conscientes dos seus papéis na sociedade. Reduzir a desigualdade financeira é também combater a fraude, o golpe, o furto, o roubo, a sonegação e a corrupção.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.