Ao realizar uma busca por sinônimos da palavra investimento, encontrei aplicação, capital, dinheiro, patrimônio, bem, posse, recurso, realização e também o ato de atacar, de agredir, quando a palavra é utilizada como investir contra alguém.
Já a palavra aposta traz palavras como palpite, pitaco, sugestão, acordo, disputa, jogo, concurso, competição, jogada, desafio. Em nenhum momento foi apresentada a sorte, como é comum ouvirmos: aposta é sorte. Não, não é.
A sorte tem relação com o destino, uma situação causal como uma coincidência, um achado, uma eventualidade. A boa sorte é sinônimo de felicidade, de satisfação, de ganho, de graça, já a má sorte traz seus antônimos, como o revés, o transtorno, a perda, a desgraça.
É interessante observar que tanto a palavra investimento quanto a palavra aposta não têm relação com ganhos, afinal, o investimento pode resultar em lucro ou prejuízo, pode ser um bom ou um mau investimento. Na aposta pode-se igualmente ganhar ou perder.
Tanto no investimento como na aposta, por definição, há a expectativa de retornos, por meio de estratégias e da análise de dados históricos.
Investimento tem garantia. É verdade, em alguns casos tem garantia mesmo, mas não é isso o que define o investimento. Ainda assim é preciso considerar que até investimento em renda fixa, pré-fixado, pode-se perder para a inflação, portanto, não garante poder de compra.
Se para investir em um produto financeiro de renda variável pode-se buscar fundamentos nos indicadores, para apostar em um resultado de jogo de futebol, é possível se apoiar em dados estatísticos dos times, dos jogadores, da comissão técnica, dos jogos históricos.
Há quem diga que investir é uma aposta. Investir em um negócio é apostar no sucesso dele, investir em imóveis é apostar na baixa vacância ou na valorização do bem, investir em ações é apostar na lucratividade da empresa.
Entendo que o que difere o investimento da aposta não é o ganho, não é a expectativa de retorno, não é a garantia e tampouco a possibilidade de se apoiar em indicadores. No meu entendimento a principal diferença está no prazo e no lastro.
Investimento pressupõe a aplicação de recursos com expectativa de retorno no longo prazo, caso contrário, parece razoável chamar de especulação. E não há nada de errado em especular. Pelo contrário, sabemos e reconhecemos a importância dos algotraders e dos especuladores para garantir liquidez ao mercado.
Ao investir em empresas que negociam produtos ou prestam serviços, ainda que por meio da bolsa de valores, o lastro está no resultado daquilo que a empresa oferece à sociedade. É a distribuição de dividendos e dos juros sobre capital próprio, além da bonificação e da possibilidade de valorização do ativo.
Supondo que as premissas apresentadas sejam coerentes e verdadeiras, os jogos esportivos, as operações binárias e de daytrade não seriam considerados investimentos pelo fato de a expectativa do retorno ser de curto prazo. As criptomoedas não seriam consideradas investimentos por não terem lastro.
Já os ativos não fungíveis, apesar de eletrônicos e virtuais, por essas definições poderiam ser considerados investimentos. Uma arte digital, uma música, jogos ou cartões não dependem apenas da oferta e da demanda. Se o valor virar pó, o ativo ainda existe e pode ser colecionável.
Desde que haja licitude e que as regras sejam claras e dentro da Lei, colocar dinheiro em jogos esportivos, operações binárias, criptomoedas e operações de daytrade, talvez sejam formas de apostar e de especular, mas não de investir.
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