terça, 07 de maio de 2024
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Albert Morales

General Manager na Belvo

Pagamentos recorrentes (PRV) serão uma alavanca para fortalecer o PIX

Com os pagamentos recorrentes via Open Finance, qualquer empresa terá a opção de virar algo semelhante a um adquirente, o que impactará diversos mercados

06 setembro 2022 - 11h52
Pagamentos recorrentes (PRV) serão uma alavanca para fortalecer o PIX

Como já se fala há algum tempo, o Open Finance no Brasil permite a possibilidade de fazer pagamentos via PIX no ambiente do Open Finance. Mas, como isso de fato impacta o setor financeiro?

O cenário global de pagamentos tem mudado drasticamente nos últimos anos, com cada vez mais consumidores aderindo à opções digitais para suas finanças. Felizmente, aumentou também o conhecimento, a confiança e, consequentemente, o nível de exigência desses consumidores, fazendo com que a indústria financeira precisasse se reinventar. 

O crescimento do open finance corrobora isso. De acordo com o relatório da Finextra, “The Future of Payments 2022”, cerca de 24 milhões de pessoas em mais de 60 países já adotaram o open banking. E agora, está chegando a vez do modelo mudar como enxergamos os pagamentos no Brasil.

Dando um pouco de contexto, a terceira fase do Open Finance prevê que os consumidores possam fazer uma transação via PIX através de outros canais além do app ou internet banking da instituição financeira. Isto significa que os clientes poderão iniciar um pagamento e realizar transações com PIX através de um e-commerce, por exemplo.

Hoje, para que um comércio possa receber um pagamento, é preciso contratar um serviço especializado, ter conhecimento de infraestrutura, certificações e muitas outras burocracias. Com os pagamentos recorrentes via Open Finance, este cenário muda. Qualquer empresa terá a opção de virar algo semelhante a um adquirente, o que impactará diversos mercados.

Além de casos óbvios como o do varejo, outros setores se beneficiarão, como o imobiliário, por exemplo, com locadores e imobiliárias podendo cobrar o inquilino diretamente, sem intermediários, e sem depender do constante envio e pagamento de boletos para isso.

É seguro dizer que os pagamentos recorrentes vêm para levar o PIX para um outro patamar, disputando com o cartão de crédito, beneficiando uma parcela considerável da população que não tem acesso a este meio. 

Para quem vende, a maior vantagem sobre o cartão, é o custo zero de adquirência. Porém, há um outro benefício importante que é a remoção da fricção. As lojas ainda precisam lançar uma miríade de estratégias, como descontos e cashbacks, para convencer os usuários a optarem pelo PIX (e concluírem a transação) por causa dos obstáculos até a conclusão da compra. Os pagamentos recorrentes tendem a resolver isso, pois, assim como o cartão, não exigem que o cliente saia do ambiente da loja para autorizar ou concluir o pagamento como ocorre hoje com o PIX. 
 
Podemos mencionar ainda uma outra vantagem dos pagamentos recorrentes, que é a liquidez. Seu mecanismo permite que as empresas autorizem pagamentos futuros diretamente de uma conta bancária com apenas uma autorização, acessando o valor exatamente quando esperado, o que dificilmente ocorre com o cartão de crédito. 

Em suma, o merchant tem todo o benefício do recebimento imediato via PIX e da praticidade do cartão de crédito incorporado em apenas um método, cortando custos de adquirência, e o usuário é presenteado com pagamentos via PIX mais fáceis, intuitivos e seguros.

Mas, se a funcionalidade traz tantas boas possibilidades, por que ainda não ouvimos falar tanto dos pagamentos recorrentes no Brasil? 

Podemos pensar por dois vieses: o da dificuldade técnica e o do desinteresse seletivo por meio das instituições. Muitos bancos ainda não estão muito interessados porque a adquirência ainda é muito rentável. O mesmo se aplica às bandeiras, o que leva a um certo atraso na adoção desse novo modelo de pagamentos.

Há ainda uma dependência muito grande da infraestrutura do PIX. No Reino Unido, pagamentos recorrentes já acontecem diretamente pela API dos bancos. A implementação por lá foi rápida e, mesmo não estando totalmente completa, já é possível observar uma grande melhora nas transações de pagamentos tradicionais. A True Layer foi a pioneira na região, e está tendo muita adesão.

Em menos de dois anos do início da implementação no Brasil, o Open Finance já tem trazido muita inovação ao mercado financeiro do país. Agora, precisamos ir além e colocar em prática tudo o que podemos construir a partir do modelo. Se neste curto período de tempo pudemos transformar a percepção sobre nossos dados financeiros, os pagamentos recorrentes têm o potencial de revolucionar a forma como manejamos nosso dinheiro e pagamos por nossas compras.

A opinião e as informações contidas neste artigo são responsabilidade do autor, não refletindo, necessariamente, a visão da SpaceMoney.