Uma das promessas mais interessantes no âmbito do open finance é a melhoria dos serviços financeiros para pessoas jurídicas, especialmente pequenas e médias empresas.
Sabemos que há um gap significativo no Brasil em relação, por exemplo, ao acesso a crédito para esses players, o que gera entraves para a produtividade e crescimento nacional: temos, de acordo com a FGV, uma lacuna de crédito de R$ 166 bilhões para pequenos e médios negócios no país.
Ao mesmo tempo, a implementação do Open Finance para pessoas jurídicas é mais lenta e se mostra mais complexa do que para pessoas físicas, a começar pela logística do próprio compartilhamento de dados – inclusive porque esse processo é muito diferente no âmbito de grandes empresas versus microempresários indivudais, por exemplo.
Mas há possibilidades promissoras sendo abordadas no mercado para ajudar a contornar esse gargalo, mesmo fora do escopo oficial do modelo: uma delas é o acesso a dados históricos de recebíveis de cartão.
Por exemplo, no mercado de varejo, que representou 27% do PIB do Brasil em 2021, a falta de disponibilidade e flexibilidade de ofertas de crédito é sentida de forma especialmente forte. Nesse sentido, a disponibilização de dados históricos de maquininhas de cartão como fonte adicional para avaliação de crédito PJ é uma solução revolucionária e com impacto especial para microempreendedores e pequenos negócios.
O acesso a informações transacionais do último ano de um negócio (indo além dos dados de recebíveis a antecipar futuramente), incluindo número e ticket médio de vendas, possibilita entender melhor o fluxo de caixa do negócio e aprimorar previsões.
O potencial dessas informações no fomento à inclusão financeira é revolucionário para, por exemplo, pequenos vendedores MEIs que não conseguem comprovar sua renda de formas tradicionalmente aceitas por instituições financeiras.
Com dados dos últimos 12 meses de maquininhas de cartão, é possível ver cobranças, o que foi antecipado e informações desses pagamentos. A riqueza desse conjunto de dados pode ser comparada a ter um holerite de um CLT, ao descobrirmos a sasonalidade do empreendimento, se o negócio é sustentável, em que meses ele vai melhor.
Para a antecipação de recebíveis, os dados históricos se tornam também uma ferramenta adicional de qualificação. No caso de uma loja de roupas de verão, por exemplo, em que a sazonalidade é bastante presente, a avaliação dos dados históricos permite que uma instituição financeira faça uma análise mais acertada, sem se deixar enganar por eventuais distorções que o acesso apenas à agenda futura pode causar.
Além do crédito, outro caso de uso interessante para os dados de maquininhas de cartão é para facilitar a conciliação por plataformas de ERPs, permitindo que ganham granularidade sobre toda operação entre varejistas e adquirentes.
Exibindo os recebíveis em tempo real, os softwares podem facilitar o processo de conciliação para seus clientes, monitorar a atividade econômica e ajudá-los a controlar sua performance de vendas e analisando taxas cobradas por adquirentes.
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