quinta, 28 de março de 2024
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Dia do Consumo Consciente: como usar essa filosofia para proteger suas finanças

Consumo desnecessário e acima da sua capacidade pode levar ao superendividamento

15 outubro 2021 - 17h22Por Gabriel Coccetrone
 - Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Nesta sexta-feira, 15 de outubro, comemora-se, além do Dia do Professor, o Dia do Consumo Consciente. Essa data foi criada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2009, para despertar a consciência da população para os problemas sociais, econômicos e ambientais causados pelos atuais padrões de produção e consumo.

O consumo  de produtos e serviços acima do poder aquisitivo, somado à inflação em alta e ao desemprego elevado, é um dos principais motivos que tem levado muitas famílias à condição de superendividamento.

Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada no começo de outubro, o número de famílias brasileiras endividadas chegou a 74% em setembro, maior número desde 2010, quando a entidade passou a fazer o levantamento.

Entre os benefícios do consumo consciente, um deles está em contribuir para a sustentabilidade não somente do meio ambiente, como também das suas finanças. Isso porque, ao refletir sobre seu hábito de consumo diário e adotar práticas que levam a melhores escolhas, evitando ser mais uma vítima do consumismo, você consegue manter os seus gastos sob controle.

Fernando Carlos, de 25 anos, morador da capital paulista, passou a levar as principais ideias do consumo consciente em sua filosofia de vida e, desde então, notou algumas diferenças.

“Hoje posso dizer que já tenho muito mais consciência do que alguns meses atrás. Antes, eram raros os meses em que eu conseguia guardar parte do meu salário. Ele ia embora em poucos dias, e eu chegava ao final do mês sempre apertado e dependendo do cartão de crédito. Isso mudou quando eu entendi que precisava mudar meu hábito de consumo, deixando de lado as coisas não essenciais para mim e pesquisando mais antes de fazer uma compra”, contou o jornalista.

Apesar de o Brasil ainda ter poucas políticas públicas que estimulem o consumo consciente, a população se mostra cada vez mais propensa a usar seu poder de escolha para “premiar” marcas com as quais se identificam. Esse desejo foi demonstrado na Pesquisa Vida Saudável e Sustentável 2020, realizada pelo Instituto Akatu e GlobeSan, que apontou um aumento de 41% (2019) para 44% (2020) entre os consumidores que recompensaram empresas socialmente responsáveis.

O que é consumo consciente?

Sabe quando você deixa de comprar algum produto no supermercado porque prefere consumir antes aquele que já tem em casa? Ou então quando decide abrir mão de comprar uma roupa que achou bonita em alguma loja? Pois bem, na prática, essas são atitudes que representam o consumo consciente.

Trata-se de um movimento que enfatiza o poder das escolhas dos consumidores para favorecer empresas com produtos e serviços desenvolvidos com responsabilidade social e ambiental. Isto é, ao escolher uma marca em detrimento da outra, é possível induzir o mercado como um todo a evoluir continuamente rumo à sustentabilidade.

Com um olhar mais amplo, porém, o consumo consciente também pode ser usado em seu próprio benefício. Pois, ao refletir sobre suas reais necessidades e capacidade de consumo, fica mais simples não dar um passo maior que as pernas e afogar-se em dívidas para satisfazer desejos puramente consumistas. 

Como ser um consumidor consciente?

Para se tornar um consumidor consciente é preciso, primeiramente, repensar seus hábitos e opções de consumo. Como fazer isso? Antes de comprar alguma coisa, faça algumas perguntas a si mesmo, como: por que comprar? O que comprar? Como comprar? De quem comprar? Como usar?

Como descartar?

Em relação ao comportamento, o estudo ‘Panorama do Consumo Consciente no Brasil: desafios, barreiras e motivações’, realizado em 2018 pelo Instituto Akatu, citou 13 ações conscientes:

1)      Evitar deixar lâmpadas acesas em ambientes desocupados;

2)      Fechar a torneira enquanto escova os dentes;

3)      Desligar aparelho eletrônico quando não estiver usando;

4)      Esperar os alimentos esfriarem antes de guardar na geladeira;

5)      Planejar as compras de alimentos;

6)      Planejar as compras de roupas;

7)      Pedir nota fiscal quando vai às compras, mesmo que o fornecedor não ofereça espontaneamente;

8)      Ler atentamente os rótulos antes de comprar um produto;

9)      Usar também o verso das folhas de papel, quando possível;

10)   Separar o lixo de casa para reciclagem, mesmo que não haja coleta seletiva;

11)   Passar ao maior número possível de pessoas as informações que aprende sobre empresas e produtos;

12)   Comprar produtos feitos com material reciclado;

13)   Comprar produtos orgânicos.

Além disso, o Instituto Akatu também elencou algumas atitudes para quem deseja ter um consumo mais consciente:

1)      Planejar as próprias compras;

2)      Avaliar os impactos ambientais e sociais do próprio consumo;

3)      Consumir apenas o necessário;

4)      Reutilizar produtos e embalagens;

5)      Separar o próprio lixo;

6)      Usar crédito de forma consciente para não se endividar;

7)      Conhecer e valorizar práticas de responsabilidade social das empresas;

8)      Não comprar produtos piratas ou contrabandeados;

9)      Divulgar o consumo consciente;

10)   Refletir sobre os próprios valores.

“Um conselho que eu dou para as pessoas é que, ao menos, tentem mudar seus hábitos de consumo. Reflita. Estude. Pesquise. No começo é normal que se tenha dificuldade, mas o costume é questão de tempo. Hoje fico me perguntando porque não mudei antes”, finaliza Fernando Carlos.

Nenhuma mudança é fácil, ainda mais quando falamos de uma rotina carregada por anos. É preciso ter força de vontade e acima de tudo muita dedicação.