sexta, 29 de março de 2024
Após PNAD Contínua

Recuperação do mercado de trabalho ganha tração com resultados melhores que o esperado, diz XP

Corretora projeta que a taxa de desemprego, que caiu para 13,7% no trimestre móvel até julho, deve encerrar o ano em 12,8%

30 setembro 2021 - 11h36Por Redação SpaceMoney
 - Crédito: Rovena Rosa/Agência Brasil

A taxa de desemprego no Brasil recuou de 14,7% para 13,7% no trimestre móvel encerrado em julho, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado foi ligeiramente melhor do que a expectativa da XP, de 13,8%, e o consenso de mercado, de 13,9%. Descontadas as influências sazonais (estimativas próprias), a taxa de desocupação declinou de 13,9% para 13,6% entre junho e julho.

Segundo as estimativas da XP, tanto a população ocupada total quanto a força de trabalho cresceram em julho.

"No primeiro caso, estimamos elevação mensal de 1% (total de 89,2 milhões de pessoas), o quarto resultado positivo seguido. Enquanto isso, a PEA (População Economicamente Ativa) subiu 0,7% no período, a 103,2 milhões. De forma geral, a recuperação do nível de emprego ganhou tração nos últimos meses, em linha com a flexibilização das restrições sanitárias e reabertura da economia", diz Rodolfo Margato, economista da XP.

Entretanto, o economista alerta para os dados de que a população ocupada ainda está cerca de 5% abaixo do nível registrado na pré-pandemia, enquanto a força de trabalho situa-se 2% abaixo.

"Caso a população economicamente ativa estivesse no mesmo patamar de fevereiro de 2020, calculamos que a taxa de desemprego seria de 15,3% na leitura referente a julho de 2021", diz. 

Renda

O rendimento real efetivo médio ficou praticamente estável em julho (variação de 0,1%), após ter contraído 0,7% em junho - também com base em nossas estimativas dessazonalizadas.

De acordo com o Margato, os efeitos adversos da inflação alta, a ampla ociosidade no mercado de trabalho e as mudanças na composição da população ocupada - com a retomada das categorias de emprego informal, que, em média, recebem salários mais baixos - são as razões por trás do fraco desempenho do rendimento real.

"Segundo nossos cálculos, o indicador situa-se 1,2% abaixo do patamar anterior à crise sanitária. Já a massa de rendimento real efetiva (combina rendimento médio com população ocupada) mostrou crescimento de 1,1% em julho, a quinta elevação consecutiva. A despeito desta melhoria recente, a variável está 5,2% aquém dos níveis observados no início de 2020", observa. 

Informalidade

As categorias de emprego informal acompanhados pela PNAD Contínua seguem em trajetória de recuperação, como reflexo do afrouxamento das restrições de mobilidade e retomada do setor de serviços. "Segundo nossas estimativas, a população ocupada sem carteira assinada cresceu 1,7% em julho, após ter aumentado 2,2% em junho", diz o economista.

Com isso, o nível de emprego informal totalizou 38,6 milhões de pessoas, ainda bastante inferior ao contingente ao redor de 40,5 milhões visto antes da crise sanitária.

Emprego formal

Por sua vez, a população empregada formal apresentou elevação de 0,8% no período, e somou 50,6 milhões (havia cerca de 53,5 milhões de empregados com carteira antes do surto da Covid-19).   

Novas projeções

"Acreditamos que os principais indicadores de mercado de trabalho acompanhados pela PNAD seguirão em rota de recuperação nos próximos meses. O aumento da mobilidade e a retomada dos serviços prestados às famílias (atividades bastante intensivas em trabalho) são os principais fatores que sustentam este prognóstico", afirma Margato.

Ele acrescenta que a XP projeta que a população ocupada total retornará aos níveis pré-pandemia (aproximadamente 93,5 milhões de pessoas) apenas no 4º trimestre de 2022.

Por fim, a XP estima que a taxa de desemprego encerrará o ano de 2021 a 12,8% (de 14,7% em 2020), com base na série dessazonalizada. Já para o final de 2022,  a taxa de desocupação deve ficar em 12,3%. Para as médias anuais, a corretora espera 13,8% e 12,6%.

"O arrefecimento da atividade econômica no próximo ano deve impedir uma redução mais acentuada da taxa de desemprego no país – estimamos que o PIB total crescerá, em média, 0,2% nos trimestres de 2022, frente a 0,5% nos trimestres de 2021", conclui.