A Vale (VALE3) divulgou seu balanço do segundo trimestre de 2025. Em primeiro lugar, a mineradora reportou um EBITDA pró-forma de US$ 3,42 bilhões, com recuo de 14% em comparação ao mesmo período de 2024. Além disso, o lucro líquido atingiu US$ 2,12 bilhões, representando uma queda de 24%. A receita operacional caiu 11%, principalmente por causa do menor preço realizado do minério e mix de produtos. Nesse sentido, o preço médio do minério alcançou US$ 97,80 por tonelada, ficando 13% abaixo do valor do ano anterior.
Apesar da produção sólida e volumes robustos, os preços mais baixos do minério pressionaram o desempenho financeiro do trimestre. Por outro lado, o capex diminuiu 21%, chegando a US$ 1,05 bilhão, como parte de uma estratégia de contenção de investimentos. Em contrapartida, a dívida líquida aumentou 41%, totalizando US$ 12,15 bilhões.
O Conselho de Administração aprovou ainda a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) no valor bruto de R$ 1,8954 por ação, sujeito à incidência de Imposto de Renda na fonte. Assim sendo, a data-base para os acionistas na B3 será 12 de agosto de 2025, com pagamento previsto para 3 de setembro. Já para os detentores de ADRs na NYSE, a record date será 13 de agosto, com pagamento programado para 10 de setembro de 2025. Dessa forma, as ações passarão a ser negociadas ex-JCP a partir de 13 de agosto.
Perspectivas futuras para a Vale (VALE3)
A queda nos preços do minério e na geração de caixa operacional exige cautela em relação ao perfil de alavancagem da Vale. Uma vez que a dívida líquida aumentou significativamente, a empresa precisará focar na geração de fluxo a fim de honrar compromissos e manter sua política de remuneração ao acionista.
A redução no capex indica foco em contenção de despesas, no entanto, também limita investimentos estratégicos em expansão, logística e projetos de metais básicos. Por certo, caso os preços internacionais se recuperem — especialmente com estímulos chineses à infraestrutura — a Vale poderá retomar margens operacionais e fluxo de caixa.
Apesar dos resultados fracos em margem, a distribuição de JCP reforça o compromisso da Vale com o retorno ao acionista. Sem dúvida, o pagamento, juntamente com a possibilidade de recompra de ações, sinaliza governança ativa mesmo em cenário adverso.
Analistas mantêm recomendações majoritariamente positivas. Em virtude disso, citam múltiplos atrativos (EV/Ebitda baixa) e potencial de dividend yield de até 8–10% se os preços do minério se estabilizarem em torno de US$ 100/t.
No entanto, a recuperação dependerá não apenas da estabilização dos preços do minério, mas também da capacidade da empresa de manter disciplina fiscal e operacional. Por fim, a volatilidade externa, especialmente na China, continua sendo um fator-chave para a evolução do balanço e das perspectivas de valorização de VALE3.