Painel eletrônico mostra números do Ibovespa em alta recorde no mercado financeiro brasileiro.
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O Ibovespa encerrou a última semana em novo recorde histórico, superando os 154 mil pontos e acumulando 13 altas consecutivas, a maior sequência desde 1994. A expectativa é de que o índice continue avançando nesta segunda-feira (10), sustentado pelo otimismo internacional e pela perspectiva de fim do impasse fiscal nos Estados Unidos.

Segundo projeções de mercado, o movimento ainda está longe do fim. A XP Investimentos estima que o Ibovespa possa alcançar 170 mil pontos até 2026, impulsionado pela melhora das perspectivas econômicas e pelo retorno do investidor estrangeiro.

Alta silenciosa e fluxo recorde de estrangeiros

Com valorização de 28% no ano e mais de 45% em dólares, analistas classificam o atual ciclo como um dos “bull markets mais silenciosos da história”. O saldo de capital estrangeiro foi positivo em R$ 1,35 bilhão apenas em outubro, reforçando o apetite internacional por ativos brasileiros.

A Genial Investimentos destaca que a expectativa do mercado se deslocou do “quando” para o “quanto” os juros vão cair. As projeções atuais indicam que a Selic pode encerrar 2026 abaixo de 12%, enquanto o CDI projetado caiu de 13,5% para 12,5%, abrindo espaço para uma nova rodada de valorização dos ativos de risco.

Cenário doméstico moderado, mas sem desaceleração

Os indicadores internos seguem mistos: o varejo avançou 0,9% em agosto, com núcleo abaixo do esperado (0,2%), enquanto o setor de serviços cresceu 0,1%, em linha com as previsões. O ritmo sugere uma economia estável, sem sinais claros de desaceleração forte.

Mesmo assim, casas de análise mantêm posição otimista. “O ambiente global favorece os emergentes e o Brasil segue entre os destinos mais atraentes. Vemos oportunidade em ativos de inflação de longo prazo (IPCA+) e na Bolsa brasileira”, apontou relatório da Genial.

Desconto frente ao mercado global atrai investidores

A Ágora Investimentos ressalta que, na visão dos estrangeiros, o Ibovespa ainda carrega desconto em dólar: os atuais 150 mil pontos equivalem a cerca de 30 mil pontos em moeda americana, abaixo das máximas históricas.

Além disso, o múltiplo preço/lucro (P/L) projetado do índice está em 8,6 vezes, bem inferior à média histórica de 10x e distante dos 22x do S&P 500. “Para o investidor global, o Brasil oferece uma combinação rara: baixo P/L e alto retorno potencial”, afirma o relatório.

Riscos no radar e a “segunda pernada” da alta

Entre os desafios, permanecem o patamar elevado da Selic (15%) e o risco fiscal. Enquanto o Federal Reserve já reduziu juros para o intervalo de 3,75% a 4%, o Banco Central brasileiro só deve iniciar os cortes em janeiro de 2026.

Ainda assim, especialistas veem um desfecho promissor: “Quando a Selic começar a cair, o Brasil pode viver sua segunda pernada de valorização”, aponta a Ágora. O fluxo estrangeiro já soma R$ 24 bilhões no ano, reforçando a confiança na Bolsa.

Para analistas, o Brasil entra em uma nova fase de reprecificação. “Em um mundo em que mercados desenvolvidos buscam preços cada vez mais altos, o Brasil surge como oportunidade com fundamento. A virada pode ocorrer quando o apito da política monetária soar”, conclui a corretora.