Painel financeiro exibe variação do Ibovespa, dólar e política monetária do Fed.
Dólar e política monetária do Fed influenciam o Ibovespa nesta sexta-feira. (Fonte: Canva)

O Ibovespa opera em alta nesta sexta-feira (24), sustentado por dados de inflação abaixo do esperado tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, que reforçaram o otimismo dos investidores e aumentaram as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed).

Por volta das 15h30, o índice avançava 0,3%, aos 146,2 mil pontos, enquanto o dólar comercial oscilava a R$ 5,39 e os juros futuros recuavam ao longo da curva.

Segundo o IBGE, o IPCA-15 — considerado a prévia da inflação oficial — subiu 0,18% em outubro, abaixo dos 0,25% esperados pelo mercado. Já nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,3% em setembro, também abaixo da projeção de 0,4%, segundo o Departamento do Trabalho.

Fed ganha espaço para cortar juros

A leitura mais branda da inflação americana animou Wall Street e trouxe alívio aos mercados emergentes. Investidores passaram a precificar três cortes de 0,25 ponto nas próximas reuniões do Fed, segundo o CME/FedWatch, com probabilidade de 94% de redução já em 29 de outubro.

“O dado consolida o cenário de desinflação gradual e dá ao Fed mais liberdade para aliviar os juros sem reacender pressões inflacionárias”, explica Ariane Benedito, economista-chefe do PicPa.

Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, o movimento reforça a importância de manter diversificação global e disciplina de longo prazo:

“O investidor inteligente não tenta adivinhar o próximo corte de juros — ele constrói uma carteira balanceada que aproveita tanto o ciclo de queda quanto eventuais correções. No longo prazo, a previsibilidade vence o ruído.”

Dólar e Treasuries recuam com menor pressão inflacionária

Os rendimentos dos Treasuries caíram após o dado do CPI, refletindo a expectativa de política monetária mais branda. O título de 10 anos cedia a 3,97%, e o de 2 anos a 3,45%.

Com isso, o dólar perdeu força frente às principais moedas e também frente ao real, oscilando entre R$ 5,36 e R$ 5,40.

Segundo Murad, “um dólar menos volátil ajuda o investidor brasileiro a planejar aportes no exterior de forma mais racional — e é aí que o método Super ETF ganha força: ele transforma a diversificação global em rotina, e não em aposta.”

IPCA-15 confirma tendência de desaceleração

No Brasil, a inflação medida pelo IPCA-15 trouxe sinais positivos de desinflação estrutural. Houve queda nos preços de alimentos e combustíveis, e o núcleo de serviços recuou pela primeira vez em meses.

De acordo com relatório do Bradesco, “a desaceleração é generalizada entre os grupos, mostrando que não é apenas o câmbio que está ajudando a conter a inflação. Esperamos que o IPCA encerre o ano em 4,5%.”

A tendência de moderação no IPCA reforça a expectativa de que o Banco Central mantenha o ritmo de cortes de 0,5 ponto percentual na Selic, atualmente em 10,25% ao ano.

Ações em destaque

Enquanto o cenário macro trouxe alívio ao mercado, algumas ações chamaram atenção:

  • Usiminas (USIM5) recuou 1,6% após divulgar prejuízo de R$ 3,5 bilhões no 3T25;
  • Petrobras (PETR4) caiu 1,19%, com petróleo Brent em leve baixa, a US$ 65,94;
  • Varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Lojas Renner (LREN3) avançaram mais de 3%;
  • Embraer (EMBR3) subiu 0,58%, a R$ 86,49;
  • Vale (VALE3) operava em leve queda de 0,23%.

Cenário internacional favorece ativos de risco

Além dos dados de inflação, o mercado reagiu ao anúncio de que Donald Trump e Xi Jinping devem se reunir na próxima semana, o que reduziu tensões comerciais entre EUA e China.

Em Nova York, os índices operavam em forte alta:

  • Dow Jones: +1,11%
  • S&P 500: +0,96%
  • Nasdaq: +1,31%

Olhar de longo prazo: o investidor de bom senso

Como lembrou John Bogle, fundador da Vanguard, “o sucesso do investidor vem mais da paciência do que do timing”. A lição segue atual: mesmo com o alívio momentâneo da inflação, o cenário global ainda é de cautela e disciplina.

“O investidor de longo prazo deve focar na consistência — não em prever o mercado, mas em manter o plano”, reforça Fábio Murad, em linha com o método Super ETF.


A combinação de inflação mais branda, dólar controlado e expectativa de cortes de juros nos EUA cria um ambiente mais favorável para ativos de risco. No entanto, como destaca Murad, a disciplina segue essencial:

“Quem investe com método e paciência atravessa ciclos com tranquilidade — e colhe os frutos quando o mercado amadurece.”