sexta, 26 de abril de 2024
Engajamento educacional

Estado e prefeitura do Rio buscam alunos que não voltaram para escola

Estimativa é que 105 mil estudantes não retornaram aos estudos

19 outubro 2021 - 18h11Por Agência Brasil
Alunos da rede pública Escola Estadual Anecondes Alves Ferreira da cidade de Diadema, na sala de aula da POLI, na USPAlunos da rede pública Escola Estadual Anecondes Alves Ferreira da cidade de Diadema, na sala de aula da POLI, na USP - Crédito: Cecília Bastos/USP Imagem

Por Mariana Tokarnia, da Agência Brasil - As secretarias de Educação do município e do estado do Rio de Janeiro estão desenvolvendo estratégias para localizar os estudantes que deixaram de assistir às aulas durante a pandemia da covid-19 e ainda não retornaram às escolas. A estimativa é que sejam 25 mil estudantes na capital e cerca de 80 mil na rede estadual.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, responsável principalmente pela educação infantil e ensino fundamental, todos os anos há estudantes que deixam de frequentar as aulas e até mesmo abandonam os estudos. Com a pandemia e o fechamento prolongado das escolas em 2020, no entanto, o quadro se agravou.

“Houve um forte desengajamento dos alunos e seus familiares. Chegamos ao número de 25 mil contabilizando os alunos que não estão em aulas presenciais e não interagiram com a escola e seus professores”, disse a pasta em nota.

Já a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc-RJ), responsável principalmente pelo ensino médio, informou que cerca de 80 mil estudantes permanecem infrequentes, ou seja, frequentaram menos de 75% das aulas presenciais ou remotas. Isso não significa, de acordo com a pasta, que esses alunos tenham abandonado a escola. Ainda é possível a reposição dos conteúdos e o cumprimento da frequência exigida até o final do ano letivo, segundo a secretaria.

Busca ativa

Para evitar que esses estudantes abandonem permanentemente os estudos, ambas as redes de ensino desenvolvem ações para trazê-los de volta às escolas.

A secretaria municipal informou que está em curso um projeto de busca ativa que conta com uma articulação com as demais secretarias, especialmente a de Saúde e a da Assistência Social, e subprefeituras. Além disso, a pasta utiliza a plataforma de Busca Ativa Escolar, elaborada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) para identificar crianças e jovens fora da escola.

A secretaria atua ainda na mobilização dos diretores e professores junto aos responsáveis e colegas dos alunos ausentes e utiliza as redes sociais e até mesmo carros de som.

No âmbito do estado, para manter o vínculo do estudante com a escola, a Seeduc-RJ tem orientado a rede sobre os procedimentos para realização da busca ativa e promovido diferentes campanhas de resgate de alunos com baixa frequência e/ou nota.

Segundo a pasta, as escolas estaduais também desenvolvem estratégias autônomas de acordo com as necessidades e a realidade local, tais como visita às residências de estudantes; mensagens por redes sociais; reuniões virtuais com pais e responsáveis; articulação com grêmios estudantis, associação de moradores e entidades públicas locais; apoio de rádios comunitárias, entre outras.

Aulas presenciais

A rede municipal de ensino do Rio de Janeiro começou o retorno das aulas presenciais sem rodízio de alunos, na segunda-feira (18). Na primeira fase, retomam as aulas a pré-escola, 1º, 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e o programa Carioca II.

Até a semana passada, as aulas presenciais vinham sendo feitas em sistema de rodízio, com metade da lotação das turmas, devido à pandemia da covid-19. Os grupos se alternavam de semana em semana entre os ensinos presencial e remoto.

Todas as escolas da rede estadual de ensino estão abertas, ofertando o modelo de ensino híbrido, com aulas remotas e também presenciais para todos os alunos que optarem por essa modalidade, exceto aquelas escolas cujos municípios encontram-se com norma proibitiva para atividades pedagógicas presenciais. As unidades escolares cumprem todos os protocolos e orientações definidos pela Secretaria de Estado de Saúde.

Brasil

A exclusão escolar é uma preocupação não apenas no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. O número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no país saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020, de acordo com o estudo Cenário da Exclusão Escolar no Brasil - um Alerta sobre os Impactos da Pandemia da Covid-19 na Educação, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) Educação.