É bem provável que você já tenha ouvido falar bastante na bolsa de valores brasileira nos telejornais, páginas da web, vídeos em redes sociais e outras mídias, não é verdade? Mas, afinal, o que é a B3 propriamente dita?
A B3 (Brasil, Bolsa e Balcão) é a nossa bolsa de valores, que tem a função de negociar, compensar, liquidar, custodiar, entre outros aspectos relevantes que interferem diretamente na tomada de decisões dos investidores.
Neste artigo, veja como tudo se iniciou, o que faz e a importância da B3 no cenário nacional e internacional. Acompanhe a leitura e confira!
Você sabe a origem da B3?
Tudo começou lá por volta do final do século XIX, quando Emílio Rangel Pestana criou a Bolsa Livre, que virou parâmetro do mercado financeiro para compra e venda de ações e se tornou algo inovador para os brasileiros da época. No entanto, ela fechou pouco tempo depois por conta de especulações em torno de companhias fantasmas, da alta da inflação e do aumento da emissão de papel-moeda.
Durante sua trajetória, a bolsa de valores já recebeu diversas nomenclaturas e passou por muitas questões que envolviam mudanças no processo organizacional, desenvolvimento de novos mercados e reinvenção corporativa. Entre 1895 e 2007, muitos empresários apostaram suas fichas no crescimento do negócio, que de uma simples companhia de comerciantes passou a ser uma empresa de capital aberto.
Em 2008, a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) realizou uma fusão com a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), tornando-se uma empresa gigantesca em termos de estrutura e planejamento. Todavia, foi no ano de 2017 que aconteceu uma mudança de impacto estrondoso, pois a BM&F Bovespa se uniu a CETIP (Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados) e formou a então B3.
Como ela funciona de fato?
Ao ouvir falar da bolsa de valores, pode ser que você logo associe àquela imagem de vários operadores gritando com telefones na mão em busca dos melhores preços para suas ações, não é mesmo?
Pois bem, aquilo era chamado de pregão viva-voz. Ele caiu em desuso conforme o avanço da tecnologia e dos recursos que a CETIP pôde incorporar à Bovespa, de modo que as operações ficaram bem mais fáceis.
Na prática, toda a burocracia dos pregões antigos foi dando espaço para os computadores de última geração e processos digitais de negociações dos papéis.
Os investidores ganharam mais autonomia nesse desenvolvimento. Também houve uma quebra de paradigmas, pois antes era necessário entrar em contato com a mesa de operações para anunciar compras e vendas. Só que hoje tudo isso é possível pela tela do celular.
O comportamento do investidor mudou significativamente com o passar do tempo, sendo que o Home Broker, espaço onde os ativos são negociados, torna o mercado de ações bem mais atrativo. Em resumo, as empresas que desejam obter recursos de terceiros devem abrir o capital e realizar uma oferta pública inicial (IPO), sendo que as negociações costumam ocorrer das 10h às 17h.
Depois da oferta pública, os investidores negociam a compra e venda dos papéis no mercado secundário, de maneira que a cotação das empresas pode subir ou descer conforme decisões macroeconômicas, especulações dos acionistas, resultados financeiros etc. A B3 atua no intermédio das negociações, sendo protagonista na liquidação, no depósito e no registro das classes de ativos.
Quais são os principais produtos da B3?
A B3 atua em diversos tipos de operações financeiras, uma vez que dispõe de recursos administrativos suficientes para promover a solidez e a credibilidade diante dos investidores. A seguir, conheça um pouco mais sobre os principais produtos e serviços disponibilizados pela bolsa de valores brasileira.
Renda Fixa
Se você pensa que a B3 se resume em ações de empresas de capital aberto, então, saiba que ela faz o meio de campo também em questões de renda fixa. A captação bancária é uma das grandes frentes do mercado, em que produtos como CDB, RDB, LCI e LCA são oferecidos aos clientes das instituições financeiras para obter recursos que fomentam a economia brasileira.
Existe também a parceria entre a B3 e o Tesouro Nacional. Sendo que o propósito é o de facilitar o acesso dos investidores aos títulos de dívida pública do país.
Por meio de ativos prefixados e pós-fixados, você e demais pessoas e empresas podem aproveitar as rentabilidades desses papéis. Sempre visando uma reserva de emergência, um projeto de mudança de imóvel, uma aposentadoria e assim por diante.
Moedas
Basicamente, o mercado cambial é um conjunto de transações que envolve a troca de moedas de países diferentes, representando as compras e vendas em que as cotações são refletidas a partir do preço de uma moeda sobre a outra. Sendo assim, os investidores podem operar no comparativo entre reais e dólares, euro e reais, dólares por ienes e assim por diante.
As principais negociações em torno das moedas pelo mundo se resumem a fundos cambiais, minicontratos e operações Forex. O primeiro diz respeito aos fundos de investimento em moedas, o segundo trata de derivativos de compra e venda no mercado futuro, enquanto que o terceiro é a aquisição em si da moeda de forma especulativa e descentralizada.
Commodities
Podemos definir as commodities como os insumos essenciais para a economia interna e externa do país. Ou seja, matérias-primas como o açúcar, o etanol, a soja, o petróleo, o boi gordo, entre outras.
Elas são barganhadas todos os dias nos pregões da bolsa de valores. Sendo que o mercado futuro desses produtos costuma ser o destino mais comum dos investidores.
São os produtos que servem como base da industrialização no planeta e tendem a ser negociados em grandes volumes financeiros. Especialmente o petróleo, que move as estratégias políticas, ambientais, militares e sociais pelo mundo afora.
No Brasil, os insumos de maior impacto na sociedade são os agrícolas, minerais, financeiros e recursos energéticos.
Ações
O carro-chefe da B3 é a compra e venda de ações.
Tratam-se de valores mobiliários emitidos por companhias de capital aberto para captar recursos financeiros. Eles servirão para suprir dívidas, realizar projetos de inovação, aumentar a participação de mercado etc.
As ações são divididas em três tipos:
- ordinárias, que dão direito ao voto;
- preferenciais, em relação ao recebimento de proventos;
- units, que reúne os dois mundos em um só.
Embora a nossa bolsa de valores seja uma das maiores em relação ao valor de mercado, ainda não temos nem 400 empresas listadas no pregão. As bolsas norte-americanas, por exemplo, somam mais de 5000 companhias.
Dentre os setores e subsetores organizados pela B3, temos os seguintes nichos:
- bens industriais — construção, engenharia, equipamentos e transporte;
- comunicações — mídia, telecomunicações e telefonia fixa;
- consumo cíclico — comércio, automóveis, hotéis, restaurantes, viagens e utilidades domésticas;
- consumo não cíclico — agropecuária, alimentos, bebidas, produtos de uso pessoal e limpeza;
- financeiro — holdings, seguradoras, bancos e incorporadoras de imóveis;
- materiais básicos — embalagens, papel, mineração, siderurgia e metalurgia;
- petróleo, gás e biocombustíveis — equipamentos, serviços, exploração, refino e distribuição de combustíveis;
- saúde — equipamentos, farmácias, clínicas e hospitais;
- tecnologia da informação — computadores, programas e serviços digitais;
- utilidade pública — água, saneamento básico e energia.
BDR
Agora, se você não quer apenas investir em empresas brasileiras, existe a possibilidade de olhar para o mercado estrangeiro. Assim, é possível e negociar ativos das grandes companhias mundiais, tais como Disney, Facebook, Apple, Nike, Amazon, Google etc.
As BDRs funcionam de forma similar aos fundos. Elas atuam como reserva depositária e intermédio entre as empresas do exterior e os investidores brasileiros.
Elas são divididas em patrocinadas e não patrocinadas. A primeira diz respeito ao interesse claro das companhias de fora em ter ações negociadas no Brasil.
Em contrapartida, a segunda é apenas um programa de responsabilidade das BDRs. As maiores vantagens de investir em papéis gringos é a diversificação da carteira e a possibilidade de barganhar pelos melhores preços sem ter conta fora do país.
ETF
Já os ETFs são uma outra opção interessante para diversificar o seu portfólio. Eles consistem no conjunto de várias ações atreladas a um índice específico e que serve como referência para entender a movimentação do mercado.
As cotas referentes aos ETFs são comercializadas na B3 de forma muito similar às ações comuns. Porém, os investidores adquirem cotas de lote padrão (a partir de 10) ou fracionário (uma cota).
Entre os benefícios, os investidores contam com uma taxa de administração menor em relação aos fundos de investimento. Também dispõem de menos risco de concentração em um ativo, conhecem melhor o mercado financeiro etc.
Entre os principais ETFs disponibilizados na B3, temos os seguintes exemplos:
- BOVA11 — baseado no índice Ibovespa, que corresponde a mais de 80% do volume financeiro da bolsa de valores;
- GOVA11 — reúne empresas com governanças corporativas de Nível 1, Nível 2 e Novo Mercado;
- SMAL11 — traz um conjunto de pequenas e médias empresas com oportunidades de crescimento, as populares Small Caps;
- DIVO11 — tem a ver com as companhias que apresentam bons resultados financeiros e costumam pagar dividendos aos seus acionistas;
- ECOO11 — reflete a preocupação com o meio ambiente e traz um apanhado de empresas que fazem o possível para minimizar as emissões de carbono.
Fundos de Investimento
Outra forma bem comum de renda variável é a compra de cotas de Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), que consistem em um conjunto de recursos destinados a fomentar o mercado imobiliário. A captação de dinheiro realizada pelos administradores dos fundos serve para adquirir, manter ou construir imóveis urbanos ou rurais, seja para fins comerciais, seja para fins residenciais.
Com a compra de imóveis, por exemplo, o FII dará retorno aos seus cotistas por meio da venda, da locação ou do arrendamento. Sendo que os rendimentos são distribuídos periodicamente aos investidores.
Geralmente, não é permitido que o cotista venda seu lote antes do prazo. Exceto em alguns casos em que não há uma data de vencimento estipulada, o que dá margem para os investidores negociarem no mercado secundário.
Qual é a importância da B3 no Brasil e no mundo?
A bolsa de valores brasileira mostra políticas administrativas que são exemplo, principalmente no que se refere a governança corporativa e adoção das boas práticas do Pacto Global da ONU. Esse acordo é uma iniciativa da Organização das Nações Unidas para influenciar a comunidade empresarial quanto aos valores de proteção aos direitos humanos, preservação do meio ambiente e combate à corrupção.
A B3 tem em seu DNA o desenvolvimento sustentável, atendendo aos requisitos básicos para deixar um planeta melhor para as gerações futuras. Além de se preocupar com a parte econômica e ambiental, a empresa também tem suas atividades voltadas para as áreas sociais, a fim de minimizar as diferenças entre classes no Brasil.
Com escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Xangai e Londres, a B3 apresenta uma estrutura gigantesca. Eles prezam pela melhoria contínua em seus processos, assegurando, assim, os objetivos operacionais, os controles internos e a prevenção de riscos corporativos.
É importante ressaltar também a parceria da bolsa de valores com a Women’s Empowerment Principles (WEPs), que visa promover a igualdade de gênero.
Como funciona a parte educacional da B3?
Por fazer parte do Comitê Nacional de Educação Financeira (CONEF), a B3 sabe a relevância de apresentar dicas de investimento, a fim de educar a população quanto à necessidade de saber lidar bem com o próprio dinheiro. Pensando nisso, a instituição disponibiliza vários cursos gratuitos e pagos para que todos possam aprender mais sobre como funciona o mercado financeiro e, com isso, investirem com consciência.
De forma online e até presencial, dependendo do curso, você pode se aprofundar em assuntos comuns do dia a dia da B3. Pode também e ter acesso a um conhecimento único a respeito de ações, riscos, treinamentos técnicos, análises fundamentalistas etc.
Essa é a melhor maneira de compreender como funciona o ambiente de compra e venda de ativos, uma vez que quanto maior o conhecimento na área, melhores serão os seus investimentos.
Por fim, lembre-se de que, para investir seu dinheiro na B3, é preciso ter uma conta em uma corretora autorizada ou banco emissor. Pesquise sobre os ativos disponíveis e suas rentabilidades e aplicar uma porcentagem que não faça falta em seu orçamento.
De resto, tenha dedicação aos seus estudos financeiros e, sempre que possível, diversifique sua carteira de ativos para minimizar riscos e ter melhores rendimentos.
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