Prédio do Banco Central do Brasil em Brasília, símbolo das decisões de política monetária e do Boletim Focus
Sede do Banco Central do Brasil, em Brasília, onde são definidas as diretrizes da política monetária acompanhadas pelo mercado

As expectativas do mercado financeiro para a inflação apresentaram novo ajuste para baixo, segundo o Boletim Focus divulgado nesta semana pelo Banco Central. As projeções indicam uma desaceleração marginal do IPCA nos próximos anos, ao mesmo tempo em que reforçam a leitura de juros elevados por um período prolongado e crescimento econômico moderado.

Para 2025, a estimativa de inflação recuou de 4,36% para 4,33%. Já em 2026, a projeção passou de 4,10% para 4,06%. Apesar da melhora, as expectativas seguem acima do centro da meta oficial, o que mantém a política monetária em território restritivo.

No horizonte mais longo, o mercado manteve estabilidade. A projeção para 2027 ficou em 3,80%, sem alteração em relação à semana anterior, sinalizando que o processo de convergência da inflação ainda é gradual.

Crescimento econômico tem ajustes marginais

As estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) mostram ajustes discretos. Para 2025, a expectativa de crescimento subiu levemente de 2,25% para 2,26%. Em 2026, a projeção permaneceu estável em 1,80%.

Já para os anos seguintes, o mercado adotou uma postura mais cautelosa. A estimativa de crescimento em 2027 foi revisada de 1,83% para 1,81%, enquanto a projeção para 2028 foi mantida em 2,00%.

Os números refletem a percepção de desaceleração gradual da atividade econômica, em linha com o impacto defasado da política monetária restritiva e com um cenário externo ainda desafiador.

Selic segue alta e corte fica para 2026

Com a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) já realizada em dezembro, as projeções para a taxa Selic em 2025 estão encerradas, com o juro básico mantido em 15% ao ano.

Para 2026, o mercado elevou a expectativa da Selic de 12,13% para 12,25%, indicando que o processo de flexibilização deve ocorrer de forma lenta e cautelosa. As projeções para 2027 permaneceram em 10,50%, enquanto a estimativa para 2028 subiu de 9,50% para 9,75%.

O movimento reforça a leitura de que, apesar da melhora gradual da inflação, o ambiente ainda exige uma postura monetária firme para garantir a convergência das expectativas.

Câmbio permanece pressionado

As projeções para o dólar voltaram a subir no curto prazo. Para 2025, a estimativa passou de R$ 5,40 para R$ 5,43. Para 2026 e 2027, o mercado manteve a projeção em R$ 5,50.

No horizonte mais longo, houve leve ajuste: a expectativa para 2028 avançou de R$ 5,50 para R$ 5,51. O cenário cambial reflete a combinação de incertezas externas, lembranças fiscais e diferencial de juros ainda relevante.

Leitura geral do mercado

O Boletim Focus desta semana indica um cenário de melhora gradual, mas ainda insuficiente para alterar de forma significativa a estratégia macroeconômica. A inflação dá sinais de arrefecimento, porém segue acima da meta, o crescimento permanece moderado e os juros devem continuar elevados por mais tempo.

A combinação desses fatores reforça a percepção de um ambiente econômico em transição lenta, no qual ajustes ocorrem de forma incremental, sem mudanças abruptas no horizonte imediato.