
O Bank of America acionou um sinal de venda para o mercado acionário, após seu indicador proprietário de sentimento ultrapassar um nível historicamente associado a correções relevantes. O alerta ocorre em meio à forte alta das bolsas globais em 2025 e ao aumento expressivo do fluxo de recursos para ações .
Até esta sexta-feira (19), o indicador bull & bear do banco subiu de 7,9 para 8,5, superando o patamar de 8, nível que o banco considera como gatilho para sinalização de venda.
O que é o indicador do Bank of America
O indicador bull & bear do Bank of America mede o posicionamento e o sentimento dos investidores em uma escala de 0 a 10, combinando variáveis como:
- Fluxo de recursos para ETFs de ações
- Amplitude de alta dos índices globais
- Posicionamento de hedge funds em derivativos de volatilidade
- Estratégias de proteção no mercado
Leituras próximas de 10 indicam excesso de otimismo; níveis baixos sinalizam pessimismo extremo.

Histórico aponta correções após o sinal
Segundo o banco, desde 2002, o sinal de venda foi acionado 16 vezes. Em média, após esses episódios:
- O S&P 500 caiu cerca de 1,4% nos três meses seguintes
- O índice global MSCI All-Country World registrou queda média de 8,5% no mesmo período
- O potencial de alta no curto prazo foi limitado, com ganho máximo médio de 1,7% no mês seguinte
Esses números reforçam a leitura de que o mercado tende a oferecer assimetria negativa após o indicador atingir níveis elevados.
Fluxo excessivo para ações acende alerta
De acordo com o relatório, o sinal atual foi acionado principalmente por:
- Entradas expressivas em ETFs de ações
- Aumento da participação de ações no movimento de alta global
- Redução de posições compradas em volatilidade por hedge funds
Esse conjunto de fatores indica um mercado amplamente posicionado para um cenário positivo, o que historicamente aumenta a vulnerabilidade a ajustes.
Expectativa otimista já está no preço
O banco avalia que investidores estão posicionados para um cenário de aceleração econômica, impulsionado por:
- Expectativas de cortes de juros
- Possíveis reduções tarifárias
- Estímulos fiscais em economias centrais
No entanto, o relatório alerta que o espaço para surpresas positivas nos lucros corporativos pode ser limitado, diante de sinais de desaceleração no mercado de trabalho dos EUA e maior cautela no ciclo de investimentos em tecnologia.
O que o sinal não significa
O Bank of America ressalta que o alerta não indica necessariamente um mercado de baixa estrutural, mas sugere que:
- O risco-retorno para novas posições em ações ficou menos favorável
- O mercado pode passar por correções técnicas ou períodos de consolidação
- A volatilidade tende a aumentar após fases de euforia
Historicamente, esses sinais têm sido associados mais a ajustes táticos do que a crises prolongadas.
Como o mercado reagiu até agora
Apesar do sinal de alerta, os principais índices americanos seguem próximos de máximas históricas. O S&P 500, por exemplo, acumula alta relevante em 2025, apoiado por dados recentes de inflação mais comportados.
Ainda assim, o histórico do indicador sugere que movimentos adicionais de alta tendem a ser mais limitados no curto prazo.
O que observar a partir daqui
Para os próximos meses, o Bank of America recomenda atenção a:
- Fluxos de capital para ações e ETFs
- Evolução da política monetária
- Dados de atividade e emprego nos EUA
- Comportamento da volatilidade implícita
Com o indicador em zona elevada, o mercado entra em uma fase em que boas notícias já estão amplamente precificadas, aumentando a sensibilidade a qualquer frustração de expectativas.