
O Ibovespa registra, até esta sexta-feira (19), um dos desempenhos mais fortes entre os principais mercados globais em 2025. O principal índice da B3 acumula valorização próxima de 30% em reais e cerca de 50% em dólares, resultado de uma combinação de fatores domésticos e internacionais que recolocam o Brasil no radar do investidor estrangeiro .
Mesmo com episódios recentes de volatilidade política e incertezas fiscais, o movimento de alta se mantém ao longo do ano e ocorre de forma mais consistente do que em ciclos anteriores.
Bolsa sobe apesar de turbulências no fim do ano
O desempenho do Ibovespa em 2025 não ocorre em linha reta. Após iniciar o ano perto dos 118 mil pontos, o índice avança gradualmente e atinge máximas próximas de 165 mil pontos no início de dezembro, antes de sessões de correção associadas ao ambiente político e eleitoral.
Ainda assim, o saldo permanece amplamente positivo. Ao longo do ano, o índice renova recordes históricos 32 vezes, o maior número desde 2019, segundo dados do banco Safra.
Valorização em dólar chama atenção do investidor global
Quando convertido para a moeda americana, o desempenho da bolsa brasileira se torna ainda mais expressivo. A alta próxima de 50% em dólares posiciona o Brasil entre os mercados emergentes com melhor performance em 2025.
Esse movimento reflete, em parte, o enfraquecimento global do dólar e a rotação de capital internacional, em um cenário de maior cautela com a economia dos Estados Unidos e busca por ativos descontados fora dos mercados centrais.
Juros e política monetária sustentam o movimento
A expectativa de início de cortes de juros nos Estados Unidos ao longo dos próximos trimestres, combinada à perspectiva de flexibilização monetária no Brasil em 2026, sustenta a reprecificação dos ativos de risco em 2025.
Com a melhora das expectativas inflacionárias e a redução dos prêmios embutidos na curva de juros, investidores passam a antecipar um ambiente mais favorável para ações, especialmente em setores sensíveis ao ciclo econômico.
Preços atrativos e fundamentos sólidos
No início do ano, o Ibovespa negociava a múltiplos historicamente baixos. O índice chegou a operar próximo de 6,8 vezes o lucro, bem abaixo da média histórica de 10,8 vezes, o que aumentou a atratividade das ações brasileiras para investidores institucionais.
Empresas com geração consistente de caixa, balanços sólidos e exposição ao mercado doméstico se beneficiam desse processo de reavaliação.
Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney, “mercados descontados não precisam de euforia para subir, apenas de tempo, fluxo e fundamentos”.
Fluxo estrangeiro volta ao Brasil
Outro vetor relevante da alta é o retorno gradual do capital estrangeiro à bolsa brasileira. Em meio a riscos geopolíticos, desaceleração global e maior seletividade dos investidores, o Brasil passa a ser visto como uma alternativa com prêmio de risco elevado e potencial de valorização.
Esse fluxo ajuda a explicar a diferença entre o desempenho em reais e em dólares ao longo do ano.
Sessões mais marcantes de 2025 até agora
Maior alta do ano
- +3,12%, em 9 de abril, após sinalizações de alívio nas tarifas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos.
Maior queda do ano
- -4,31%, em 5 de dezembro, em sessão marcada por incertezas políticas e revisão de expectativas eleitorais.
O que o desempenho de 2025 sinaliza
A alta acumulada do Ibovespa em 2025 indica uma mudança relevante de percepção sobre o risco Brasil, ainda que o cenário siga sensível a fatores fiscais e políticos.
Com o ano ainda em andamento, o desempenho reforça uma mensagem clara para o investidor: ciclos de valorização costumam se iniciar quando preço, fundamento e fluxo se alinham — mesmo em ambientes de incerteza.