Prédio do Banco Central do Brasil, em Brasília, sede das decisões do Copom sobre juros e política monetária
Sede do Banco Central, em Brasília, onde o Copom define a política monetária e a taxa Selic

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira (16), sinalizou que o Banco Central ainda não está pronto para iniciar um ciclo de cortes na taxa Selic no início de 2026. Embora o documento reconheça sinais de desaceleração da atividade econômica e leituras mais favoráveis da inflação, a autoridade monetária reafirmou a necessidade de manter uma política monetária restritiva por um período prolongado.

A avaliação predominante entre economistas é de que o Comitê adotou um tom conservador, reforçando a leitura de que a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano, deverá permanecer nesse patamar por mais tempo. O principal fator citado pelo Copom é a persistência de pressões inflacionárias associadas à demanda interna, especialmente diante de um mercado de trabalho ainda considerado apertado.

Inflação melhora, mas expectativas seguem acima da meta

Na ata, o Banco Central reconhece que os dados recentes de inflação vieram abaixo do esperado, refletindo, em parte, a moderação do consumo e condições externas mais favoráveis, como a apreciação cambial. Ainda assim, o Comitê destacou que as expectativas inflacionárias continuam acima da meta em todos os horizontes relevantes, o que exige cautela adicional na condução da política monetária.

O documento enfatiza que, apesar da melhora pontual nos indicadores, os vetores inflacionários seguem adversos. O Copom reiterou que o cenário atual “prescreve uma política monetária significativamente contracionista por período bastante prolongado”, sinalizando que o processo de desinflação ainda demanda consolidação.

Atividade esfria, mas mercado de trabalho segue pressionado

Outro ponto central da ata foi o diagnóstico de desaceleração gradual da atividade econômica. O Comitê observou sinais de moderação no consumo das famílias e uma perda de fôlego na demanda agregada, fatores que tendem a contribuir para o fechamento do hiato do produto.

Apesar disso, o Banco Central avaliou que o mercado de trabalho permanece em nível elevado de aquecimento, ainda que alguns indicadores apontem para uma leve moderação. Essa combinação — atividade em desaceleração, mas mercado de trabalho resiliente — reforça, na visão do Copom, a necessidade de manter os juros elevados até que haja maior convergência das expectativas para a meta.

Cenário externo segue no radar

O Copom também voltou a classificar o ambiente internacional como incerto. Embora tenha reconhecido uma melhora recente no cenário externo, especialmente via câmbio, o Comitê destacou que fatores globais continuam exigindo monitoramento atento, dadas as possíveis implicações sobre inflação, fluxos financeiros e condições de liquidez.

Mercado passa a projetar cortes apenas a partir de março

Com base na ata, analistas passaram a considerar menos provável o início de um ciclo de afrouxamento monetário já em janeiro. A avaliação majoritária é de que o Banco Central precisará observar novas leituras de inflação, atividade e expectativas antes de alterar a estratégia atual.

A interpretação predominante é de que eventuais cortes de juros devem ocorrer apenas a partir de março de 2026, caso o processo de desinflação avance de forma consistente e as expectativas se aproximem da meta. Até lá, o Copom indica que seguirá vigilante, priorizando a ancoragem das expectativas e a consolidação do cenário de estabilidade de preços.

Com informações do Infomoney