
O dólar à vista caiu 0,33% nesta quarta-feira (3) e encerrou o dia cotado a R$ 5,313, marcando a segunda sessão consecutiva de desvalorização frente ao real. O movimento acompanhou a queda global da moeda americana, pressionada por novos sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho dos Estados Unidos.
Pressão após fechamento inesperado de vagas
Segundo a ADP, o setor privado norte-americano fechou 32 mil vagas em novembro, contrariando a expectativa de abertura de 40 mil. O dado, muito abaixo do consenso, ampliou a percepção de arrefecimento da economia e reforçou a aposta de que o Federal Reserve (Fed) poderá cortar juros já na reunião do próximo dia 10.
No índice DXY — que mede a força do dólar ante seis moedas fortes — a divisa recuou 0,47%, consolidando o movimento de enfraquecimento global.
Para João Soares, sócio-fundador da Rio Negro Investimentos, “o dado traz um insight de que há um enfraquecimento maior que o esperado nas contratações, e isso certamente entra no radar do Fed”.
Livro Bege indica menor demanda por mão de obra
O Livro Bege do Fed confirmou a deterioração gradual no mercado de trabalho, mostrando redução de demanda por mão de obra em cerca de metade dos distritos — incluindo Boston, Nova York, Filadélfia e Dallas. Houve ainda aumento nos anúncios de demissões.
Com a perspectiva crescente de corte de juros, investidores ampliaram o apetite por risco, favorecendo moedas emergentes como o real.
Efeito no Brasil: diferencial de juros volta a atrair capital
Com juros mais altos no Brasil e expectativa de cortes nos EUA, o diferencial volta a favorecer a entrada de capital estrangeiro.
“Se o Fed corta juros, o Brasil fica mais atrativo. Esse fluxo tende a fortalecer o real”, reforça Soares.
PMI reforça leitura de desaquecimento
Além do emprego, o PMI composto dos EUA caiu de 54,6 para 54,2, abaixo das projeções do mercado. O PMI de serviços do ISM, porém, subiu para 52,6, mostrando resiliência do setor.
A volatilidade cambial reacende discussões sobre proteção patrimonial e diversificação internacional. Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, períodos de oscilação do dólar são oportunidades claras:
“O investidor brasileiro não deve medir sua riqueza em real, mas em dólar. É por isso que comprar ETFs na bolsa americana não é tendência: é sobrevivência financeira.”
— Fábio Murad, no Plano de Ação Super ETF
Murad reforça que o real sofre desvalorização estrutural e lembra que o CDI, quando convertido em dólar, rendeu apenas 4% em dez anos, muito abaixo da performance do S&P 500 — que superou 190% no mesmo período.
Essa tese dialoga diretamente com os princípios de John Bogle, criador dos fundos de índice, que defende a importância de possuir empresas dos EUA de forma ampla, diversificada e de baixo custo. Para Bogle, “no longo prazo, vencer significa manter a simplicidade e reduzir custos ao mínimo”, uma base filosófica essencial do investimento em ETFs globais.
Por que ETFs nos EUA ganham força com queda do dólar
- Momentos de dólar mais fraco reduzem o custo de entrada.
- ETFs como VOO, SPY, QQQ e SCHD oferecem diversificação imediata.
- O investidor acessa empresas globais em moeda forte.
- Estratégias como Covered Call, descritas no Super ETF, permitem gerar renda semanal em dólar.
O que é o dólar à vista
O dólar à vista é o câmbio negociado para liquidação imediata, geralmente em até dois dias úteis. Ele reflete o valor real da moeda no momento da transação.
O que é o dólar futuro
O dólar futuro é negociado na Bolsa e reflete expectativas econômicas, podendo divergir do dólar à vista em períodos de estresse ou forte volatilidade.