
O Ibovespa iniciou dezembro renovando o forte ritmo de 2025 e ultrapassou, pela primeira vez, os 160 mil pontos, impulsionado pelo apetite global por risco e pelas expectativas relacionadas às decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos. Por volta das 11h10, o índice avançava 1,15%, marcando 160.430 pontos .
Expectativa por decisões do Fed e do Copom
Os dirigentes do Federal Reserve entraram em período de silêncio antes da reunião de juros marcada para a próxima semana, no mesmo dia da decisão do Copom. O mercado aposta em corte de juros nos EUA e manutenção da Selic em 15% ao ano, com início do ciclo de redução somente em 2026.
Além do cenário internacional, o clima político doméstico também entrou no radar, após pesquisa AtlasIntel/Bloomberg indicar que a desaprovação do governo federal voltou a superar a aprovação .
Ambiente político adiciona volatilidade
Analistas apontam que o mercado acompanha com atenção o impacto da nova leitura política sobre a percepção fiscal. A avaliação é de que uma disputa eleitoral mais acirrada em 2026 pode aumentar a demanda por previsibilidade econômica.
Tensão geopolítica e dados fracos da indústria
No exterior, investidores monitoram o encontro entre Vladimir Putin e o enviado especial norte-americano Steve Witkoff, em Moscou, para discutir proposta de paz revisada pela Ucrânia. O avanço russo sobre Pokrovsk e o aumento de ataques com drones e mísseis mantêm a tensão elevada .
No Brasil, o IBGE divulgou crescimento de 0,1% da produção industrial em outubro, abaixo da expectativa de 0,4%. O desempenho reforça o quadro de desaceleração no fim de 2025 e aumenta a sensibilidade do mercado às sinalizações do Banco Central .
Analistas veem espaço para novas altas
Apesar da cautela, o movimento de alta permanece consistente. Técnicos do Itaú BBA afirmam que o Ibovespa segue em tendência positiva, com potencial para alcançar 165 mil e até 180 mil pontos nas próximas fases do rally .
Segundo relatório, a maioria dos índices setoriais opera nas máximas do ano, indicando alinhamento entre setores e sustentação técnica para o avanço.
Perspectivas para 2026 ganham força
A Ágora Investimentos reforça que a correção vista na véspera foi pontual e que o fluxo comprador tende a permanecer. Já o Bradesco BBI destaca que investidores globais buscam o “próximo capítulo” da narrativa brasileira, com foco no ciclo de cortes da Selic previsto para 2026 e na resiliência da economia doméstica.
A estimativa do banco é de um dos soft landings mais suaves entre grandes economias, apesar da desaceleração atual .
Juros altos, valuation atrativo e dividendos sustentam otimismo
O BBI cita três pilares que respaldam a continuidade da alta:
- Juros elevados com margem para queda — mercado projeta primeiro corte em março de 2026.
- Valuation atrativo — mesmo em máximas, o Ibovespa ainda negocia com desconto.
- Dividend yield robusto, estimado em 5,6% para 2026, oferecendo carrego relevante enquanto o ciclo de afrouxamento monetário não começa.
Historicamente, os 12 meses após o primeiro corte da Selic tendem a ser positivos: o Ibovespa sobe, em média, mais de 20% no período, segundo o banco.
Casas revisam projeções e ampliam targets
O movimento recente levou bancos e corretoras a revisarem suas projeções:
- XP Investimentos: projeção elevada de 170 mil para 185 mil pontos ao fim de 2026, considerando queda das taxas reais e expansão de múltiplos.
- Bank of America: vê o índice em 180 mil pontos.
- Morgan Stanley: mais otimista, projeta 200 mil pontos em 2026, apoiado em crescimento de lucros e múltiplos estáveis.
Para o banco americano, o Brasil pode se tornar destaque global se houver redução estrutural do custo de capital das empresas.