
O Morgan Stanley elevou suas projeções para os mercados acionários da América Latina e estima que o Ibovespa possa atingir 200 mil pontos até o fim de 2026, o que representa uma alta de 27% em relação ao último fechamento de 157.739 pontos. A avaliação faz parte do relatório anual de perspectivas divulgado pelo banco.
Cenário se apoia em redução do custo de capital
Segundo o Morgan, o Brasil mantém posição overweight na região, sustentado pela possibilidade de se tornar um “mercado de destaque global” caso avance em direção a um ciclo mais profundo de queda de juros. A instituição afirma ver um “caminho claro, porém estreito” para essa redução, que abriria espaço para expansão dos múltiplos e maior atratividade da renda variável.
O banco destaca que o país pode registrar, em 2026, a menor participação acionária da história recente mesmo com taxas reais entre as mais altas do mundo. Caso ocorra mudança de política monetária, isso poderia reequilibrar a economia e destravar fluxos para ações.
Potencial de realocação bilionária
O relatório ressalta que investidores locais detêm entre 15% e 20% das ações em livre circulação, com apenas 4,5% do mercado de capitais posicionado em renda variável. O Morgan estima que US$ 6 bilhões a US$ 8 bilhões podem ser realocados para a Bolsa caso as taxas de juros caiam 3,5 pontos percentuais.
Essa migração, segundo o banco, pode consolidar o Brasil como um dos mercados globais de melhor desempenho em 2026, repetindo o movimento de 2025.
Risco, eleições e ciclos regionais
O Morgan também avalia que o ciclo eleitoral na América Latina — com eleições recentes na Argentina e pleitos previstos no Chile, Colômbia e Brasil — deve influenciar decisões de portfólio. O banco afirma que há convicção em um movimento de afrouxamento monetário, mas pondera que ainda é cedo para mensurar os efeitos das eleições brasileiras de 2026 sobre confiança e fluxo.
Projeções extremas: de 95 mil a 240 mil pontos
Além do cenário-base de 200 mil pontos, o relatório apresenta extremos:
- Cenário otimista: Ibovespa a 240 mil pontos, alta de 52%
- Cenário pessimista: índice a 95 mil pontos, queda de 40%
A amplitude reflete a sensibilidade do mercado a eventuais mudanças de política monetária antecipadas ou adiadas.
Setores favoritos e posições táticas
O banco mantém preferência por temas ligados a digitalização e serviços financeiros globais, como Mercado Livre (MELI34) e Nubank (ROXO34). No campo doméstico, Petrobras (PETR3; PETR4), Vista (AXIA3), Prio (PRIO3) e Embraer (EMBR3) aparecem entre as escolhas.
Por outro lado, o relatório mostra posição underweight em consumo, refletindo a expectativa de que o setor possa sentir mais intensamente eventual desaceleração da demanda.
Investimento e lucros devem acelerar a partir de 2027
Para os estrategistas, a combinação entre juros reais menores, melhora do investimento e reprecificação dos múltiplos — caso se confirme — deve sustentar ganhos para a Bolsa. O banco cita que o índice de investimento/PIB brasileiro, atualmente em 17%, pode subir com condições financeiras mais favoráveis.
A expectativa inclui ainda reaceleração do crescimento dos lucros corporativos a partir de 2027, reforçando a tendência de alta para ações brasileiras no médio prazo.