Gráfico conceitual mostrando Bolsa brasileira e EWZ distante da máxima histórica em dólar.
Criação: ChatGPT

O Ibovespa interrompeu sua sequência histórica de quinze pregões consecutivos de alta e fechou esta quarta-feira (12) em queda leve de 0,07%, aos 157.632 pontos, segundo dados do InfoMoney. Embora o movimento represente apenas uma pausa técnica após um rali incomum, o investidor avançado olha para outra métrica: o desempenho da Bolsa em dólar.

Enquanto o índice em reais se aproxima das máximas nominais, o EWZ — principal ETF que replica o mercado brasileiro na NYSE — mostra que o investidor estrangeiro ainda não voltou de forma consistente. O descolamento entre “máxima em reais” e “máxima em dólar” revela um risco oculto e uma oportunidade.


EWZ ainda muito abaixo da máxima: “O gringo não entrou”

O comportamento do EWZ reforça que a narrativa de “Bolsa brasileira em topo” não se sustenta quando analisada sob a ótica global.

Como afirma Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF:

“A Bolsa pode até estar na máxima em reais, mas a máxima em dólar ainda está muito longe. O gringo não entrou. Basta olhar o gráfico do EWZ.”

A leitura é clara:

  • o rali recente do Ibovespa foi puxado majoritariamente por fluxo local,
  • enquanto o estrangeiro continua seletivo,
  • mantendo o EWZ distante das máximas históricas.

Investidores sofisticados sabem que ciclos realmente sustentáveis dependem de fluxo global — algo que ainda não se materializou.

Gráfico do EWZ: Fonte: Plataforma TastyTrade

O contraste entre Real e Dólar: uma ilusão estatística

A diferença entre índices em reais e em dólar é explicada pela desvalorização estrutural da moeda brasileira, descrita por Murad em seu Plano de Ação Super ETF:

  • Mesmo retornos nominais fortes em reais se diluem quando convertidos para dólar.
  • O Real, historicamente fraco, acentua o contraste entre Bolsa doméstica e o apetite internacional.

John Bogle, no clássico “O Investidor de Bom Senso”, reforça o raciocínio: retornos reais dependem da economia produtiva — não do ruído cambial. Se o estrangeiro não está comprando Brasil, o preço “real” do mercado, medido em moeda forte, não rompe patamares relevantes.


Petrobras pressiona, B3 dispara, e Vale sustenta o índice

Segundo o InfoMoney, o pregão foi marcado por movimentos setoriais importantes:

  • Petrobras (PETR4) caiu 2,56%, acompanhando o petróleo internacional em forte baixa.
  • Banco do Brasil (BBAS3) recuou 2,85% antes do balanço do 3T25.
  • B3 (B3SA3) saltou 4,36% após apresentar lucro forte no trimestre.
  • Vale (VALE3) subiu 1,11%, sustentada pelo minério de ferro.

Apesar da realização, o Ibovespa segue acumulando +31% em 2025.


“Quer jogar a primeira divisão do Brasil? Compre EWZ”

Em tom direto, Murad provocou:

“Se você quer investir na primeira divisão do Brasil, compre EWZ na Bolsa americana e fique tranquilo. A Bolsa ainda está longe da verdadeira máxima histórica.”

A frase ecoa a filosofia presente no Super ETF e alinhada aos princípios de Bogle:
diversificação, simplicidade e foco no mercado global.

Comprar EWZ significa:

  • dolarizar parte do portfólio,
  • acessar o Brasil pela ótica do investidor global,
  • eliminar riscos cambiais vinculados ao real.

Análise para o investidor avançado: onde estamos no ciclo?

1. Movimento do Ibovespa é técnico, não estrutural

O rali recente foi derivado de:

  • fechamento de posições vendidas,
  • fluxo doméstico,
  • e expectativas fiscais.

2. EWZ é o termômetro verdadeiro

Enquanto o ETF não romper seus topos anteriores, não há confirmação global do ciclo.

3. O investidor estrangeiro continua defensivo

Com juros americanos elevados e múltiplos globais esticados, o prêmio de risco do Brasil ainda não é suficientemente atrativo para uma realocação massiva.

4. Oportunidade para quem pensa em dólar

A divergência Ibovespa x EWZ cria assimetria clara:
o índice em dólar está atrasado.


O rali é real, mas não é global — ainda

A realização do Ibovespa não muda o fato central: a Bolsa brasileira segue barata em dólar, e isso importa para o investidor sofisticado.

O topo em reais pode parecer impressionante — mas no mercado global, o Brasil segue em níveis intermediários, longe dos picos vistos em ciclos anteriores.

Como diz Murad, “basta olhar o EWZ”.