
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerra nesta quarta-feira (5) mais uma reunião de política monetária, e o consenso do mercado é de que a taxa Selic será mantida em 15% ao ano. A principal dúvida, no entanto, recai sobre o tom do comunicado que acompanhará a decisão — se o BC manterá a postura hawkish (dura) ou se começará a suavizar o discurso diante do cenário de desaceleração da economia e recuo da inflação.
Economia mostra sinais de desaceleração
Desde a última reunião do Copom, os indicadores apontam perda de ritmo da atividade econômica, queda no crédito e inflação em desaceleração. Apesar disso, o mercado de trabalho segue aquecido, com a taxa de desemprego próxima das mínimas históricas e geração líquida de vagas, ainda que em ritmo menor.
No campo fiscal, o desafio persiste: a estabilização da dívida pública segue incerta, e analistas veem limites para o impulso fiscal nos próximos meses. O consumo do governo caiu 0,6% na última leitura, enquanto o PIB trimestral avançou 0,4%, segundo dados com ajuste sazonal.
Inflação é o divisor de águas
A trajetória da inflação será determinante para o tom do comunicado. O Relatório Focus mostra queda nas projeções: o IPCA esperado para 2025 recuou de 4,8% para 4,55%, e as estimativas para 2026 e 2027 também diminuíram levemente. Mesmo assim, as expectativas ainda estão acima da meta oficial, o que impede o Banco Central de sinalizar cortes imediatos.
Expectativas sobre o comunicado
O mercado observará se o Copom retira do texto a menção à possibilidade de elevar juros novamente — frase incluída em atas anteriores para reforçar vigilância contra a inflação. Caso essa referência seja excluída, investidores podem interpretar como abertura de espaço para cortes a partir do início de 2026. Por outro lado, manter o alerta seria um sinal de firmeza no combate à inflação e de que o ciclo de afrouxamento ainda não está no radar imediato.
Cautela segue no discurso
Economistas avaliam que o BC não deve alterar o balanço de riscos. O ambiente global segue incerto, com efeitos da política monetária norte-americana e tensões geopolíticas limitando o espaço para ajustes prematuros. Com o mercado de trabalho resiliente e os núcleos de inflação acima da meta, a expectativa é de manutenção da Selic elevada por mais tempo, até que a convergência da inflação à meta seja mais consistente.
Projeções para os próximos cortes
A maioria das casas de análise prevê que o ciclo de cortes de juros comece apenas em 2026. Instituições como G5 Partners e Polo Capital projetam o início em janeiro, enquanto Suno e C6 Bank apostam em março. A XP prevê redução de 0,50 ponto percentual a partir de março, com a taxa básica caindo para 12% ao final do ciclo, o que representaria ainda um nível real elevado.
O Relatório Focus projeta Selic em 12,25% ao fim de 2026 e 10,5% em 2027. Para 2028, a estimativa é de estabilidade em 10%.