Nota de um dólar sendo deteriorada pela inflação.
Queda dos juros futuros reflete expectativas de corte da Selic após dados de inflação no Brasil e nos EUA (Fonte: Canva)

Os juros futuros encerraram a sexta-feira (24) em queda generalizada ao longo da curva, refletindo a percepção de que o Banco Central pode iniciar o ciclo de cortes da Selic mais cedo do que o esperado. O movimento veio após a divulgação de dados de inflação mais fracos no Brasil e nos Estados Unidos.


DIs caem em toda a curva

No fechamento da sessão, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,09%, queda de 7 pontos-base ante os 13,164% da véspera. O DI para janeiro de 2035 recuou 9 pontos, a 13,515%.

No mercado internacional, os rendimentos dos Treasuries — títulos do Tesouro americano — chegaram a cair após os dados de inflação, mas voltaram a mostrar leve alta no fim da tarde. O papel de 10 anos, referência global, subia 1 ponto-base, a 3,997%.


IPCA-15 reforça cenário de desinflação

O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,18% em outubro, abaixo das estimativas de 0,25%, após alta de 0,48% em setembro. Em 12 meses, a taxa desacelerou para 4,94%, contra 5,32% no mês anterior.

O índice de difusão, que mede a proporção de itens em alta, também caiu de 53,1% para 50,95%, indicando um processo de desinflação mais disseminado na economia.

“A baixa da curva se deve à expectativa de queda de juros no Brasil. Se antes ninguém acreditava em corte antes do primeiro trimestre de 2026, os indicadores de hoje vieram muito na direção pró-corte”, avaliou Laís Costa, analista da Empiricus Research.


CPI dos EUA surpreende e fortalece cenário global de alívio monetário

Nos Estados Unidos, o índice de preços ao consumidor (CPI) avançou 0,3% em setembro, abaixo da expectativa de 0,4%, enquanto o núcleo subiu 0,2%, também abaixo das projeções. Em 12 meses, o CPI ficou em 3,0%, ante 3,1% esperados.

Os dados reforçaram as apostas de cortes sucessivos de juros pelo Federal Reserve, impulsionando ativos de risco em todo o mundo.

“A possibilidade de corte da Selic em janeiro aumentou muito com o IPCA-15 e com a queda da gasolina”, afirmou José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.


Mercado precifica início do ciclo em janeiro

As apostas para o início da redução da Selic ganharam força. Segundo operadores, há mais de 50% de probabilidade de o corte ocorrer já na reunião de janeiro do Copom. Até a semana passada, o consenso apontava para março ou abril.

Mesmo assim, parte do mercado ainda adota cautela.

“O resultado apoia revisões baixistas nas expectativas de inflação, mas não muda o panorama geral nem traz confiança adicional no processo de desinflação”, ponderou Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.


Principais taxas ao fim do dia

VencimentoTaxa (%)Variação (p.b.)
Jan/202713,81-6
Jan/202813,09-7
Jan/203513,51-9

Perspectiva

Com inflação controlada e pressão menor nos juros globais, o cenário torna-se mais favorável para uma mudança de postura do Banco Central já no início de 2026. O foco agora recai sobre a próxima reunião do Copom, em novembro, que deve manter a Selic, mas pode abrir caminho para cortes antecipados caso o ambiente fiscal siga estável.