Ibovespa em alta na B3, painel mostra valorização do índice próximo dos 145 mil pontos.
Painel da B3 exibe alta do Ibovespa, que se aproxima dos 145 mil pontos nesta segunda-feira (20). (Fonte: Gemini Pro)

A Bolsa brasileira abriu a semana em alta firme e atingiu novas máximas ao longo desta segunda-feira (20), acompanhando o otimismo nos mercados internacionais e a percepção de alívio na inflação doméstica. Por volta do meio-dia, o Ibovespa avançava 1,15%, aos 145.048 pontos, em meio à valorização de ações ligadas a commodities e bancos. O dólar comercial recuava para R$ 5,38, enquanto os juros futuros mostravam leve queda em toda a curva.

O movimento reflete uma confluência de fatores positivos: a expectativa de fim da paralisação do governo norte-americano, a recuperação parcial da economia chinesa e a melhora do humor global em relação ao comércio entre Estados Unidos e China. No cenário interno, o Boletim Focus mostrou nova redução nas projeções de inflação para 2025, marcando a quarta revisão consecutiva para baixo, o que reforça o sentimento de que o ciclo de política monetária pode ter atingido seu ponto mais restritivo.


Commodities e bancos lideram ganhos

Entre as ações com maior peso no índice, Vale (VALE3) subia mais de 1,4%, a R$ 60,98, acompanhando o avanço dos contratos futuros de minério de ferro em Dalian, que interromperam sete semanas de quedas. O otimismo também contagiou os grandes bancos, com Itaú (ITUB4) em alta de 1,57%, Bradesco (BBDC4) ganhando 1,87%, e Santander (SANB11) avançando 2,30%. O Banco do Brasil (BBAS3), que chegou a cair no início da sessão, virou para leve alta de 0,05%, a R$ 20,91.

No segmento de small caps, o índice SMLL subia 1,31%, atingindo 2.176 pontos, com destaque para o desempenho de AMBP3 (+26,3%) e IFCM3 (+18,1%), refletindo apetite por ativos de menor capitalização após semanas de realização.


Petrobras reduz gasolina e ações recuam

A Petrobras (PETR4) anunciou nova redução de 4,9% nos preços da gasolina A vendida às distribuidoras, válida a partir desta terça-feira (21). O preço médio cairá para R$ 2,71 por litro, o que representa R$ 0,14 a menos em relação ao valor atual. Apesar do alívio esperado para o consumidor, as ações da estatal operavam em queda: PETR3 recuava 0,92% e PETR4 cedia 0,50%.

No acumulado de 2025, a Petrobras já reduziu o preço da gasolina em 10,3%, o equivalente a R$ 0,31 por litro. O diesel, por sua vez, permanece sem alteração nesta rodada, após três reduções desde março.


Exterior sustenta apetite por risco

Em Wall Street, os principais índices operavam em alta antes da divulgação dos balanços corporativos do terceiro trimestre. O S&P 500 subia 0,91%, o Dow Jones avançava 0,76%, e o Nasdaq tinha ganho de 1,19%. Investidores reagem à expectativa de que o impasse fiscal nos EUA — que já dura 20 dias — possa ser resolvido ainda nesta semana, segundo sinalização do assessor econômico da Casa Branca.

Na Europa, os mercados também registraram desempenho positivo, com o STOXX 600 em alta de 0,65% e o DAX alemão avançando 1,25%. Já na Ásia, o tom foi igualmente otimista: o Nikkei japonês disparou 3,37%, impulsionado pelo acordo de coalizão que deve levar Sanae Takaichi ao cargo de primeira-ministra — a primeira mulher a liderar o governo japonês.


China dá sinais de estabilização econômica

Os dados divulgados pelo governo chinês mostraram que o PIB cresceu 1,1% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores, superando as previsões do mercado. A produção industrial avançou 6,5%, reforçando a percepção de que a segunda maior economia do mundo começa a se estabilizar, mesmo sob o peso da disputa comercial com Washington.

O resultado trouxe alívio ao mercado global de commodities e sustentou os preços de metais e energia, impulsionando ações de exportadoras brasileiras. Ainda assim, analistas alertam que o ritmo de recuperação permanece desigual, com o setor imobiliário e o consumo interno apresentando sinais de fraqueza.


Interferências políticas e tensões externas

Além dos números econômicos, o noticiário político internacional também chamou atenção dos investidores. Nos Estados Unidos, a possível retomada de diálogo entre Donald Trump e Vladimir Putin em Budapeste reacendeu debates sobre o equilíbrio geopolítico global. Na Europa, a União Europeia confirmou acordo para banir totalmente as importações de gás russo até 2028, em mais um movimento para reduzir a dependência energética de Moscou.

Enquanto isso, no Reino Unido, o premiê Keir Starmer confirmou presença na COP30, que será realizada no Brasil em novembro, com o objetivo de reforçar compromissos climáticos e discutir políticas de transição verde.


Economia brasileira: agenda política e inflação

No cenário doméstico, o governo federal deve anunciar ainda hoje o programa Reforma Casa Brasil, que pretende financiar reformas e melhorias habitacionais para até 1,5 milhão de famílias até 2026. O crédito oferecido poderá chegar a R$ 30 mil por beneficiário, e a medida é vista como tentativa de estimular o setor de construção civil e gerar empregos em regiões urbanas.

Enquanto isso, o Congresso Nacional volta a discutir o Orçamento de 2026, após novo adiamento solicitado pelo Planalto. O governo tenta recompor receitas após a perda estimada de R$ 50 bilhões com a queda de uma medida provisória que aumentava impostos sobre determinados setores.


Empresas e indicadores

Entre as empresas com desempenho destacado, Cogna (COGN3) liderava as altas do dia, com ganho de 6,05%, negociada a R$ 3,33, seguida por Movida (MOTV3) e Direcional (DIRR3). Do lado oposto, Fleury (FLRY3) despencava 4,04%, em meio à incerteza sobre a possível combinação de negócios com a Rede D’Or.

Nos Estados Unidos, investidores aguardam resultados de Tesla, Netflix, Coca-Cola e Procter & Gamble, que devem balizar o sentimento global nos próximos dias.


Dólar e juros acompanham o tom otimista

Com o fluxo estrangeiro e o alívio nos mercados de renda variável, o dólar comercial recuava 0,62%, a R$ 5,372, e a taxa DI para 2029 caía para 13,30%, refletindo apostas em uma inflação mais controlada em 2026. O índice de volatilidade VIX recuava 7,8%, a 19,15 pontos, mostrando redução da percepção de risco.


Panorama: mercado mais confiante, mas cautela segue

Apesar da recuperação expressiva das bolsas, o sentimento entre investidores ainda é de cautela moderada, especialmente diante das incertezas fiscais e geopolíticas. O Ibovespa acumula alta de 19,2% em 2025, mas segue negativo em outubro, com queda de 1,9% até o momento.

Analistas projetam que o ritmo de ganhos pode continuar, mas alertam para volatilidade elevada com a proximidade da temporada de resultados no Brasil. O comportamento de empresas ligadas a consumo, bancos e exportação será determinante para testar a força do rali recente.