Mão segurando caneta injetora de semaglutida com visor “1,0 mg”, tema ligado aos genéricos do Ozempic e à tese para Hypera
Caneta injetora de semaglutida (1,0 mg), foco do mercado com possível entrada de genéricos (Fonte: Gemini Pro)

Após uma queda de 28% em relação ao Ibovespa nos últimos três meses, o Bradesco BBI elevou a recomendação para as ações da Hypera (HYPE3) de neutra para compra, destacando melhor visibilidade de lucros e valuation atrativo. O novo preço-alvo é de R$ 28 para 2026, representando potencial de valorização de 30% frente ao fechamento recente de R$ 21,71.

Segundo o relatório, o papel negocia a 7,5 vezes o lucro (P/L) — bem abaixo da média histórica de 11,5x — e oferece fluxo de caixa livre de 7,4%. O banco destacou ainda a melhoria na eficiência do capital de giro, após a conclusão do processo de otimização no segundo trimestre de 2025.


Genérico do Ozempic pode adicionar até 5% ao EBITDA

O BBI também vê um novo vetor de crescimento com a entrada da Hypera no mercado de genéricos da semaglutida, substância usada em medicamentos como Ozempic e Wegovy, da Novo Nordisk. A expectativa é que o fim da patente em 2026 abra espaço para que a companhia ganhe participação e adicione cerca de 5% ao EBITDA até 2029, assumindo uma fatia de 8% desse mercado — que hoje movimenta R$ 4,9 bilhões por ano.

O relatório observa que a Hypera foi a primeira empresa a protocolar o pedido de aprovação do genérico junto à Anvisa, o que pode garantir vantagem competitiva sobre rivais como EMS, Eurofarma e Aché.


Lucros estáveis e margens sólidas em 2025

O Bradesco projeta resultados robustos no 3º trimestre de 2025, com crescimento de 16% na receita e margem EBITDA de 33,7%. A expectativa é que o capital de giro permaneça em 32% da receita, após cair de 49% em 2024 — sinal de uma estrutura mais eficiente e sustentável.

Mesmo considerando a tributação dos incentivos de ICMS (Lei 14.789/2023), o preço-alvo de R$ 28 se mantém. Em um cenário sem tributação, o valor poderia chegar a R$ 32 por ação, segundo o banco.


Fábio Murad: “Investir em uma ação isolada é apostar alto demais”

Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, a recomendação positiva do BBI mostra o valor da análise fundamentalista, mas também reforça um ponto essencial: não concentrar o portfólio em uma única ação.

“Mesmo empresas sólidas como a Hypera podem passar por ciclos de volatilidade. Apostar em uma ação isolada é correr um risco desnecessário, principalmente quando há ETFs que entregam desempenho superior à maioria dos fundos ativos com muito menos custo e estresse”, afirmou Murad.

O executivo lembra que, enquanto fundos ativos lutam para superar o mercado, ETFs de índice entregam retornos consistentes no longo prazo. “Diversificação é a chave. Em vez de tentar adivinhar a próxima Hypera, o investidor inteligente busca capturar o crescimento do conjunto — e isso é o que os ETFs fazem de forma eficiente”, completou.


Visibilidade positiva, mas com cautela

O upgrade do BBI reforça a confiança do mercado na capacidade de recuperação da Hypera, que vem equilibrando crescimento e controle de custos. A entrada no segmento de genéricos da semaglutida pode ser um divisor de águas, mas a volatilidade do setor farmacêutico e as incertezas tributárias exigem cautela.

Para o investidor de longo prazo, a mensagem é clara: a diversificação continua sendo o melhor remédio — e como destaca Fábio Murad, “no mercado financeiro, quem busca constância vence os que buscam previsões”.