Fachada do Federal Reserve em Washington, ilustrando tensão econômica entre EUA e China.
Fachada da sede do Federal Reserve, em Washington. (Fonte: Gemini Pro)

O Federal Reserve (Fed) afirmou nesta quinta-feira (16) que o crescimento econômico dos Estados Unidos em 2026 dependerá da forma como se desenrolarem as relações comerciais entre Washington e Pequim, após novas restrições impostas pela China à exportação de minerais essenciais.

O alerta foi feito pelo diretor do banco central americano, Stephen Miran, durante entrevista ao programa Mornings with Maria, da Fox Business. Segundo ele, as medidas chinesas e a ameaça de retaliação do ex-presidente Donald Trump podem determinar o ritmo da economia norte-americana no próximo ano.

“Teremos de ver como as próximas semanas se desenrolarão. Se essas tensões forem neutralizadas, teremos um cenário favorável ao crescimento”, disse Miran.


Risco de desaceleração global

As novas restrições da China envolvem minerais de terras raras, insumos essenciais para a indústria de tecnologia, defesa e energia renovável. A medida foi vista como uma resposta às sanções americanas sobre semicondutores, elevando a preocupação com gargalos na cadeia de suprimentos global.

Segundo analistas, caso as tensões se mantenham, os Estados Unidos podem enfrentar desaceleração na produção industrial, enquanto empresas americanas buscam fornecedores alternativos. Esse cenário também eleva o risco de inflação de custos no curto prazo.

“A combinação entre restrição de oferta e retaliação comercial tende a pressionar os preços e afetar margens corporativas”, avaliou o economista Thomas Reid, da Atlantic Economics.


Impactos para investidores

Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, episódios como esse reforçam a importância da diversificação global.

“O investidor que mantém exposição apenas a um país — mesmo os EUA — está sujeito a riscos geopolíticos que fogem do controle do mercado. A melhor defesa é uma carteira com ativos internacionais e ETFs globais”, afirma Murad.

A recomendação está alinhada ao pensamento de John Bogle, autor de O investidor de bom senso, que defendia estratégias de baixo custo, ampla diversificação e paciência para enfrentar períodos de incerteza econômica.
Segundo Bogle, “o investidor de longo prazo deve evitar previsões e concentrar-se em manter uma alocação equilibrada, especialmente em momentos de volatilidade”.


Expectativas para 2026

O Federal Reserve mantém a projeção de crescimento entre 2,2% e 2,5% para a economia dos EUA em 2026, mas reconhece que o resultado dependerá da estabilidade nas relações comerciais com a China e da evolução da política monetária.

Apesar do tom cauteloso, Miran afirmou que o Fed seguirá monitorando os efeitos das restrições chinesas e adotará medidas caso as tensões avancem. “Ainda há espaço para ajustes, mas tudo depende da resposta dos mercados e das próximas decisões de política comercial”, completou.


Perspectiva

Com a aproximação de 2026, economistas avaliam que a relação EUA–China continuará a ser o principal fator de risco global. Enquanto o Fed busca preservar a estabilidade doméstica, Pequim segue priorizando o controle estratégico de matérias-primas críticas.

No cenário atual, investidores devem manter estratégias de proteção cambial e diversificação em ativos internacionais, equilibrando exposição entre renda fixa global e ETFs de índices amplos, como o S&P 500 e o MSCI World — opções que, segundo Murad, “garantem solidez e visão de longo prazo mesmo em ciclos de tensão política e econômica”.