Painel da B3 mostra Ibovespa em alta, com destaque para Vale e Eletrobras.
Painel da B3 exibe alta do Ibovespa puxada por Vale e Eletrobras nesta quarta-feira (15). (Fonte: IA)

O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (15) em alta de 0,65%, aos 142.603 pontos, impulsionado pelas fortes valorizações de Vale (VALE3) e Eletrobras (ELET3). O avanço, equivalente a 920 pontos, veio após a leve queda de 0,07% registrada na sessão anterior, em um dia de instabilidade política interna e tensões externas entre Estados Unidos e China.

Enquanto o principal índice da Bolsa brasileira mostrou resiliência, o dólar comercial recuou 0,13%, cotado a R$ 5,46, acompanhando o movimento global de enfraquecimento da moeda norte-americana. Os juros futuros (DIs) encerraram a sessão de forma mista, refletindo expectativa de possível corte de juros pelo Federal Reserve ainda em outubro.


Nova York fecha mista em meio a tensões EUA-China

Em Wall Street, o movimento foi de cautela. Os índices norte-americanos oscilaram durante o dia e fecharam mistos: o S&P 500 subiu 0,40%, o Nasdaq avançou 0,66%, enquanto o Dow Jones recuou 0,04%.

O clima ainda é de incerteza quanto à relação comercial entre Washington e Pequim. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que “a volatilidade dos mercados não vai alterar a postura dos EUA nas negociações comerciais com a China”, reforçando a linha dura do governo Trump.

Além disso, a persistente paralisação do governo americano preocupa investidores quanto aos impactos na economia. Apesar disso, o bom desempenho do setor financeiro, com Morgan Stanley superando expectativas no balanço do 3º trimestre, sustentou parte do otimismo.


Ouro renova recorde e passa de US$ 4,2 mil

Em meio às incertezas globais, o ouro segue como porto seguro. O metal precioso ultrapassou a marca de US$ 4.200 por onça, ampliando a sequência de recordes nos últimos dias e refletindo a busca por proteção dos investidores internacionais.

Na Europa, as bolsas também fecharam em terreno positivo, impulsionadas pelas ações do setor de luxo, após LVMH reportar crescimento de vendas acima do esperado.


Cenário político interno aumenta ruído

No Brasil, o ambiente político voltou a pressionar o humor dos investidores. Durante evento no Rio de Janeiro em homenagem ao Dia dos Professores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao Congresso Nacional, dizendo que a Casa “nunca teve o baixo nível como tem agora”. A fala veio um dia após a Medida Provisória do equilíbrio fiscal perder validade.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca agora recompor trechos da proposta junto ao Senado, enquanto o governo tenta conter desgastes políticos.


Vale, Eletrobras e bancos lideram ganhos

Entre os destaques do pregão, a Vale (VALE3) avançou 1,86%, acompanhando a recuperação dos preços do minério de ferro no exterior. Já a Eletrobras (ELET3) subiu 2,33%, após anunciar a venda de sua participação na Eletronuclear — o que analistas consideram a eliminação do “último grande risco” da tese de investimento da companhia.

No setor financeiro, Bradesco (BBDC4) ganhou 1,17%, enquanto Itaú (ITUB4) ficou estável e Banco do Brasil (BBAS3) caiu 1,84%. O papel da B3 (B3SA3) também fechou em alta de 0,72%, após divulgar dados prévios mistos do 3º trimestre.

Entre as maiores altas do dia, Copasa (CSMG3) saltou 5,61%, impulsionada por expectativa de privatização, e RD (RADL3) subiu 4,54%, com analistas reiterando recomendação de compra.

Na ponta negativa, Petrobras (PETR4) recuou 0,90%, acompanhando a queda do petróleo Brent, que fechou o dia em US$ 61,91, queda de 0,77%.


Análise: “Resiliência do investidor brasileiro mostra força do mercado”

Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, o comportamento do investidor local diante das incertezas mostra uma maturidade crescente.

“Mesmo em meio à volatilidade política e externa, o investidor brasileiro tem aprendido a diversificar e pensar globalmente. O foco em fundamentos e estratégias de longo prazo é o que sustenta o mercado em momentos como este”, afirma Murad.

O especialista ressalta que a entrada de capital estrangeiro e o maior apetite ao risco ajudam a consolidar o Brasil como destino atrativo em meio ao cenário de juros estáveis e perspectivas de recuperação gradual do consumo.


Perspectivas

Na quinta-feira (16), o mercado aguarda a divulgação do IBC-Br de agosto, prévia do PIB, que deve indicar o ritmo da economia no 3º trimestre. “Não tem sido um ano fácil, mas a resiliência tem predominado, e isso mostra que há confiança no potencial da economia brasileira”, conclui Murad.


Resumo do pregão

  • Ibovespa: +0,65%, aos 142.603 pontos
  • Dólar comercial: R$ 5,46 (-0,13%)
  • Ouro: US$ 4.200 (+2%)
  • Petróleo Brent: US$ 61,91 (-0,77%)
  • Volume financeiro: R$ 26,6 bilhões

O mercado brasileiro encerrou o dia com uma mensagem clara: apesar do barulho político e da cautela global, a Bolsa mantém fôlego e segue sustentada pelos grandes nomes do índice, especialmente Vale e Eletrobras.