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Brasil não é Turquia: por que o temor fiscal pode estar exagerado

Brasil não é Turquia: relatório vê exagero no temor fiscal e aponta oportunidades na bolsa.

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Bandeira do Brasil ao fundo de gráficos de mercado, simbolizando a tese de que o país não é a Turquia.
Bandeira do Brasil sobre gráficos financeiros, representando o debate fiscal. (Fonte: Gemini Pro)

O mercado financeiro brasileiro iniciou a semana em tom de cautela, com queda no Ibovespa, alta do dólar e avanço dos juros futuros. As falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em defesa da política econômica do governo, voltaram a acender os debates sobre risco fiscal. Contudo, segundo relatório do Bradesco BBI, há exagero no pessimismo: o Brasil não enfrenta um cenário comparável ao de países como a Turquia e pode, ao contrário, oferecer oportunidades relevantes de valorização.

O choque de 2024 já passou

A forte aversão a ativos brasileiros no fim de 2024 foi causada pelo receio de que o governo abandonasse o arcabouço fiscal. Esse temor pressionou a bolsa, disparou o câmbio e elevou os juros. Porém, a reversão parcial em 2025, com respeito às regras fiscais, trouxe alívio e sinalizou que os fundamentos seguem sólidos. O BBI avalia que, embora a cautela persista, os riscos estão superdimensionados.

O fantasma da dominância fiscal

A principal dúvida do investidor ainda é se o Brasil cairá na chamada “dominância fiscal” — quando o governo perde a capacidade de controlar a dívida e passa a depender de inflação para equilibrar as contas. Esse cenário, clássico em emergentes frágeis, ficou evidente na Turquia dos anos 2010. Lá, déficits recorrentes, dívida em moeda estrangeira e erosão da independência do banco central levaram à crise da lira e colapso da bolsa em dólares.

Quatro diferenças fundamentais

Para o BBI, o Brasil não se encaixa nesse roteiro. Há quatro pontos cruciais que afastam a comparação: regras fiscais mais sólidas, melhor estrutura da dívida, política monetária crível e robustas reservas internacionais de US$ 345 bilhões. Além disso, o regime de câmbio flutuante oferece amortecedor natural contra choques externos.

Brasil no radar dos investidores

Com esses fatores, o BBI coloca o Brasil como principal aposta entre os mercados acionários da América Latina. Dois vetores devem atuar como catalisadores imediatos: o ciclo de queda da Selic e o calendário eleitoral de 2026. Juntos, somados a valuations descontados, criam uma relação risco-retorno de 3 para 1 em favor do investidor.

Potencial de aportes bilionários

O relatório estima que cerca de R$ 1 trilhão em potenciais aportes locais pode ingressar no mercado. Isso sem contar a rotação de estrangeiros que reduzem posição nos EUA e buscam alternativas em emergentes. A carteira-modelo do banco privilegia empresas sensíveis a juros, vencedoras no mercado de capitais e companhias estatais estratégicas.

Valuation ainda descontado

Mesmo com a alta de 33% do MSCI Brasil no ano — sendo 60% explicados pela valorização do real — as ações seguem baratas em comparação a outros emergentes. O P/L médio de 8,5 vezes representa um desconto de 35% a 40% frente ao MSCI EM, acima da média histórica de 30%. Se os juros reais recuarem, há espaço para expansão dos múltiplos e novas altas.

O investidor de longo prazo

John Bogle, criador do primeiro fundo de índice, sempre destacou que o investidor deve olhar além do curto prazo: “os retornos vêm do que as empresas ganham, não das flutuações diárias de mercado”. Isso significa que, em momentos de exagero do pessimismo, pode estar a melhor janela para montar posições estratégicas.

Estratégia com ETFs globais

Fábio Murad, criador do método Super ETF, reforça que a diversificação é chave. “Ao investir em ETFs internacionais e aplicar estratégias de renda como Covered Call, o investidor brasileiro se protege do risco local e ainda gera fluxo de caixa em dólar”, afirma. Enquanto o mercado local debate se “o Brasil é ou não é a Turquia”, quem já dolarizou parte do portfólio não depende da resposta.

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Conclusão: exagero como oportunidade

O temor fiscal brasileiro existe, mas segundo o BBI, está longe de ser comparável ao caso turco. As reservas robustas, a política monetária independente e os valuations descontados criam um cenário de assimetria favorável ao investidor. Para quem sabe identificar exageros, o momento pode representar não apenas risco — mas oportunidade.