Aviação

Embraer dispara após encomenda bilionária da Latam

Embraer dispara mais de 5% após encomenda de US$ 2,1 bilhões da Latam.

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Avião Embraer E195-E2 encomendado pela Latam em contrato de US$ 2,1 bilhões
Aeronave E195-E2 da Embraer, modelo encomendado pela Latam. (Fonte: Gemini Pro)

A Embraer (EMBR3) viveu um dia de forte valorização no mercado acionário nesta segunda-feira (22), depois de anunciar um acordo histórico com a Latam Airlines. O contrato prevê a entrega firme de 24 aeronaves E195-E2, avaliadas em US$ 2,1 bilhões, além da opção de compra de outras 50 unidades, que podem adicionar mais US$ 4,4 bilhões à carteira de pedidos da fabricante brasileira.

O anúncio levou as ações da Embraer a subirem mais de 5% na B3, alcançando R$ 80,63 por volta das 14h30. O impacto imediato no mercado reflete não apenas o tamanho do contrato, mas também o fortalecimento da posição da Embraer no cenário global, em um momento em que a companhia aérea chilena busca expandir sua malha regional na América do Sul.

O E195-E2, aeronave de nova geração, se consolida cada vez mais como um produto competitivo para rotas de alta demanda regional, oferecendo maior eficiência de combustível e redução de emissões. A estreia desse modelo na frota da Latam, a maior companhia aérea do continente, reforça a relevância estratégica da Embraer frente às gigantes Airbus e Boeing, em um segmento em que ainda há espaço expressivo para crescimento.

Segundo cálculos do JPMorgan, a carteira de pedidos consolidada da Embraer pode alcançar US$ 36 bilhões com o contrato — um recorde histórico. Isso representa mais de cinco anos de entregas já contratadas, mesmo em um ritmo acelerado de produção, hoje estimado em até 100 aeronaves por ano. O banco manteve recomendação de compra (overweight) e preço-alvo de R$ 107, destacando a atratividade da relação risco-retorno da empresa em comparação com concorrentes internacionais.

O Bradesco BBI também avaliou positivamente a transação, ressaltando que o backlog da companhia terá um aumento de 7%. Esse reforço pode reduzir a necessidade de concessão de descontos em contratos futuros, preservando margens e dando previsibilidade ao segmento de aviação comercial. O banco projeta preço-alvo de US$ 68 para o papel da Embraer no ano fiscal de 2025.

Com a encomenda, o índice book-to-bill da Embraer — que mede a relação entre novos pedidos e entregas — atingiu 2,4 vezes em 2025, um salto em relação ao 1,6 registrado no ano anterior. Para analistas, esse indicador comprova o momento favorável e tende a ser um gatilho adicional de valorização das ações nos próximos meses.

Do lado da Latam, o acordo surge em um momento oportuno: enquanto a Azul caminha para concluir seu processo de recuperação judicial com redução de frota, a companhia chilena poderá se beneficiar para aumentar participação no mercado doméstico e regional. A ampliação da malha, apoiada pela chegada das novas aeronaves, pode consolidar a liderança da Latam em um dos mercados aéreos mais dinâmicos do mundo.

Esse movimento da Embraer também levanta reflexões sobre o papel da indústria brasileira em um cenário globalizado. Como lembra John Bogle, “no longo prazo, os retornos dos acionistas refletem os ganhos das empresas”. Ao garantir contratos sólidos e diversificados, a fabricante se protege contra oscilações conjunturais e dá sinais de sustentabilidade no longo prazo.

Fábio Murad, criador do método Super ETF, reforça a mesma lógica para o investidor: “o segredo da independência financeira está em buscar ativos consistentes, com previsibilidade e escala”. A Embraer, ao acumular um backlog recorde e conquistar espaço em grandes companhias aéreas, oferece justamente essa percepção de valor estruturado.

Para o investidor brasileiro, o episódio é mais um lembrete de que empresas nacionais podem alcançar protagonismo global. Assim como os ETFs oferecem diversificação instantânea e exposição a mercados resilientes, a Embraer mostra que a disciplina e a inovação são capazes de transformar riscos em oportunidades, mesmo em um setor historicamente cíclico.