Acabou a Festa?

Ibovespa hoje: queda pressiona o mercado e dólar dispara

Ibovespa recua aos 144 mil pontos, dólar dispara e Cosan desaba 20% em dia de forte aversão ao risco.

Painel da B3 com Ibovespa em leve queda e Natura entre as maiores altas
Ibovespa oscila próximo aos 144 mil pontos em meio à pressão externa e quedas de blue chips

O pregão desta segunda-feira (22) começou tenso na B3. O Ibovespa recuava 1,17% no fim da manhã, aos 144.163 pontos, com investidores repercutindo tanto fatores externos quanto notícias corporativas relevantes. O dólar comercial, por sua vez, renovou máximas e chegou a R$ 5,36, enquanto os juros futuros avançavam, reforçando a percepção de maior aversão ao risco.


Panorama geral da Bolsa

A queda do índice

O Ibovespa abriu pressionado por baixas em ações de bancos e da Petrobras. Ao longo da manhã, renovou mínimas sucessivas, mostrando fragilidade após o recorde histórico da semana passada.

Dólar em alta

O movimento do câmbio é reflexo da cautela global com a política monetária dos EUA, somado a preocupações fiscais no Brasil. A moeda norte-americana já acumula várias altas seguidas, tornando-se um dos principais focos do mercado.

Juros futuros avançam

A curva de juros futuros abriu em alta em todos os vencimentos, refletindo a percepção de risco fiscal e a manutenção da Selic em 15% ao ano, maior nível em duas décadas.

Setores em destaque

Enquanto o setor bancário puxava o índice para baixo, a Vale sustentava parte das perdas com valorização de suas ações. Já a Cosan foi destaque negativo absoluto, com queda superior a 20%.

Contexto político

As declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a necessidade de ajustes no arcabouço fiscal também mexeram com o humor dos investidores, reforçando a percepção de incerteza.


Cosan desaba mais de 20%

Oferta bilionária

A Cosan anunciou uma capitalização de R$ 10 bilhões por meio de oferta de ações, operação que surpreendeu o mercado e gerou forte pressão vendedora em seus papéis.

Entrada de sócios estratégicos

Parte da oferta foi ancorada por BTG Pactual, Perfin e o veículo Aguassanta, ligado ao controlador Rubens Ometto. A expectativa é reduzir a alavancagem, mas a reação inicial foi de pânico.

Dívida elevada

A empresa carrega dívida líquida de R$ 17,5 bilhões, segundo dados do segundo trimestre, e enfrenta um ambiente de juros altos que torna o serviço dessa dívida mais custoso.

Impacto no Ibovespa

A derrocada das ações da Cosan ajudou a puxar o índice para baixo, dado o peso relevante da companhia no setor de energia e logística.

Reação dos analistas

Apesar da queda, executivos reforçaram que a operação melhora a estrutura de capital e amplia a capacidade de desinvestimento da empresa no médio prazo.


Petrobras e Vale em direções opostas

Ações mistas da Petrobras

Os papéis PETR3 e PETR4 oscilaram em direções distintas, refletindo a volatilidade do petróleo no mercado internacional.

Queda inicial da estatal

Investidores reagiram ao recuo das cotações do barril Brent e às discussões sobre política de preços de combustíveis, que continuam sendo alvo de pressão política.

Vale sustenta o índice

As ações da Vale subiram mais de 0,8%, impulsionadas pela alta do minério de ferro na China, em meio ao aumento da produção de aço.

Siderúrgicas em baixa

Apesar da força da Vale, as siderúrgicas locais abriram em queda, refletindo preocupações com margens apertadas e custo de insumos.

Embraer decola

A Embraer também foi destaque positivo, com valorização acima de 3% após fechar um pedido bilionário de aeronaves para a Latam.


Câmbio dispara em dia de aversão ao risco

Máximas renovadas

O dólar comercial chegou a R$ 5,362, renovando máxima do ano até aqui.

Fatores externos

Nos EUA, declarações de dirigentes do Federal Reserve indicaram cautela com novos cortes de juros, sustentando a valorização global do dólar.

Pressão interna

No Brasil, as incertezas fiscais e políticas adicionam prêmio ao câmbio, ampliando a volatilidade.

Juros longos em alta

A percepção de risco fiscal elevou as taxas futuras, pressionando ainda mais o câmbio e dificultando projeções para 2026.

Expectativas do Focus

O Boletim Focus projetou câmbio em R$ 5,50 para o fim de 2025, reforçando que a trajetória deve seguir pressionada.


Haddad e o arcabouço fiscal

Discurso no MacroDay

O ministro participou de evento do BTG Pactual, onde defendeu ajustes no arcabouço fiscal e combate a desperdícios.

Necessidade de diálogo político

Segundo Haddad, será preciso criar condições para negociar mudanças com o Congresso, incluindo temas como supersalários e Previdência de militares.

Relação com juros

Haddad também afirmou acreditar que os juros devem cair de forma consistente a partir de 2026, o que aliviaria o peso fiscal.

Impacto nas expectativas

As falas tiveram efeito imediato no mercado, ampliando o pessimismo sobre a trajetória fiscal de curto prazo.

Dúvidas dos investidores

Sem sinais concretos de ajuste, investidores temem que o governo não consiga sustentar o novo regime fiscal.


Bolsas internacionais em queda

Wall Street em baixa

Após recordes recentes, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq abriram em queda nesta segunda-feira, refletindo preocupações com shutdown do governo americano e inflação persistente.

Fed em foco

As falas de dirigentes do Fed, incluindo Jerome Powell, estão no radar dos investidores nesta semana.

Europa recua

Na Europa, índices como DAX e CAC 40 operaram em baixa, com destaque para quedas fortes da Porsche e da Volkswagen.

Ásia mista

Enquanto o Nikkei avançou quase 1%, Hong Kong e Índia tiveram quedas em meio a tensões comerciais com os EUA.

Commodities divergentes

O petróleo operou em baixa, enquanto o minério de ferro avançou, influenciando diretamente Petrobras e Vale.


Expectativas para a semana

Agenda carregada

Além das falas do Fed, investidores aguardam dados do PCE nos EUA e o relatório de receitas e despesas no Brasil.

Política fiscal

A tramitação da PEC da Blindagem e debates sobre gastos públicos seguem no radar do Congresso.

Mercado de câmbio

A volatilidade deve permanecer elevada, com o real entre as moedas mais sensíveis do cenário global.

Desempenho setorial

O mercado seguirá atento às estatais e aos setores de commodities, que podem dar sustentação ao índice.

Risco político

Analistas alertam que ruídos políticos domésticos podem aumentar a volatilidade até o fim do ano.


Fechamento da última semana

Recorde histórico

Na sexta-feira (19), o Ibovespa fechou aos 145.865 pontos, maior nível da história.

Volume expressivo

O pregão movimentou R$ 28,2 bilhões, refletindo forte fluxo de investidores.

Semana positiva

O índice acumulou alta de 2,53% na semana, 3,14% em setembro e já sobe mais de 21% em 2025.

Destaques de alta

Entre as maiores altas da sexta estavam Eletrobras, Fleury e Usiminas.

Maiores quedas

Já MRFG3, Natura e Cosan lideraram as perdas, antecipando a turbulência desta segunda-feira.