Brasil costuma ganhar quando os EUA cortam juros
A expectativa pelo início do ciclo de cortes do Federal Reserve elevou o apetite por risco e levou o Ibovespa a máximas recentes, acima de 144 mil pontos. Olhando para trás, os dados mostram que as ações brasileiras tendem a performar bem no período de 12 meses após a primeira redução de juros nos EUA, com retornos fortes tanto em reais quanto em dólares, segundo a XP Investimentos.
O que diz o histórico
A equipe de estratégia da XP apurou que:
- O MSCI Brasil registrou, em média, +41,2% em dólares um ano após o início de ciclos de afrouxamento monetário do Fed. Em reais, a média foi de +31,2%.
- Houve resultados positivos em 5 de 8 episódios (62,5%).
- Os anos com retornos negativos foram 2001, 2019 e 2020.
- Considerando o ciclo mais recente (primeiro corte em setembro/2024), o MSCI Brazil acumula +8,8% desde então.
Como o Brasil se compara a outros índices
Em ciclos passados, os retornos de ações brasileiras superaram, em média, os de mercados emergentes e do MSCI ACWI ex-EUA após a primeira decisão de corte nos EUA, segundo a mesma análise. O gráfico e a tabela da página 3 do material original ilustram a vantagem relativa no horizonte de 12 meses.
Setores: quem costuma andar antes e depois
O padrão setorial observado pela XP é consistente:
- Antes do primeiro corte (3 a 1 meses): setores domésticos tendem a liderar (ex.: Educação, Propriedades Comerciais). Já commodities (Papel & Celulose, Óleo & Gás, Petroquímicos, Mineração & Siderurgia) ficam atrás do Ibovespa.
- Depois do primeiro corte: commodities costumam se recuperar e superar os nomes domésticos.
Por que isso acontece
Cortes de juros nos EUA costumam:
- Apoiar ativos de risco globalmente, reduzindo o custo de capital;
- Enfraquecer o dólar na margem (quando o mercado enxerga ciclo mais longo), favorecendo moedas e ações de emergentes;
- Reprecificar fluxo para bolsas com desconto relativo e maior beta de crescimento — caso do Brasil.
Em fases iniciais, a melhora de condições financeiras beneficia consumo e serviços. Em seguida, a retomada de atividade global e o giro do ciclo favorecem exportadoras e produtoras de commodities.
O que observar agora
- Tom do Fed: além do corte, o guidance importa para precificar duração do ciclo.
- Curva de juros local: alívio externo tende a destravar quedas adicionais no prêmio de risco no Brasil.
- China e commodities: a recuperação pós-corte nos EUA costuma coincidir com melhora de termos de troca — catalisador para papéis de metais e petróleo.
- Fluxo estrangeiro: taxas americanas mais baixas abrem espaço para entradas na B3.