Dólar cai para o menor nível desde junho de 2024
O dólar comercial encerrou a sexta-feira em R$ 5,35, queda de 0,69% no dia e o menor patamar em 15 meses. No acumulado da semana, a moeda americana perdeu 1,11% frente ao real, ampliando a sequência de quedas.
No mercado futuro, o contrato de outubro terminou em R$ 5,3760, em baixa de 0,72%. Já no turismo, a moeda fechou em R$ 5,56 na venda, ainda distante do comercial, mas também em queda.
O movimento refletiu a expectativa global de que o Federal Reserve deve iniciar, já nos próximos meses, um ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos. Isso reduz a atratividade do dólar frente a moedas de países emergentes com juros elevados — como o real.
Fatores internos também pesaram
O câmbio não foi movido apenas pelo Fed. No Brasil, três fatores se destacaram:
- Cenário político — A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF, com pena de 27 anos e 3 meses e inelegibilidade de 8 anos, gerou repercussão internacional. Donald Trump criticou a decisão, enquanto o governo americano reagiu com cautela. A tensão política local reforçou a necessidade de proteção cambial.
- Popularidade do governo — Pesquisa Ipsos/Ipec mostrou avanço da avaliação positiva do presidente Lula (de 25% para 30%) e queda da avaliação negativa (de 43% para 38%). O dado trouxe alguma estabilidade para o mercado doméstico.
- Dados econômicos — O IBGE apontou crescimento de 0,3% em julho no setor de serviços e alta acumulada de 4,1% em 12 meses, sustentando a narrativa de resiliência econômica.
Para André Valério, economista do Inter, o diferencial de juros entre Brasil e EUA deve continuar favorecendo o real no curto prazo, desde que o Copom mantenha a Selic em 15%.
Ibovespa recua após cinco semanas positivas
Se no câmbio o movimento foi de alívio, na bolsa o clima foi de cautela. O Ibovespa caiu 0,61%, encerrando a sexta-feira em 142.271 pontos. No acumulado da semana, a perda foi de 0,26%, a primeira queda depois de cinco semanas consecutivas de alta.
Entre os fatores que pesaram no mercado acionário, estão:
- A leitura da inflação nos EUA e a expectativa pela decisão do Fed.
- A instabilidade política doméstica, com repercussões externas da condenação de Bolsonaro.
- Oscilações nas commodities, com destaque para o petróleo, que impactou diretamente as ações da Petrobras, e o minério de ferro, que pressionou a Vale.
Desempenho setorial e índices complementares
- Petrobras (PETR3 e PETR4) e Vale (VALE3) oscilaram conforme as commodities, refletindo o risco global.
- Banco do Brasil (BBAS3) figurou entre os papéis mais negociados da semana, com relativa resiliência.
- O índice de small caps (SMLL) recuou 0,43%, mostrando perda de apetite ao risco entre empresas menores.
- O IFIX, índice dos fundos imobiliários, destoou e subiu 0,57%, beneficiado pelo cenário de juros domésticos.
Semana de contrastes: dólar em queda, bolsa em baixa
A combinação de dólar em queda e Ibovespa também negativo não é comum. Normalmente, há correlação inversa: quando o dólar recua, a bolsa tende a subir, e vice-versa.
Neste caso, a explicação está na força dos fluxos externos. Enquanto o real se beneficiou da expectativa de cortes nos EUA, a bolsa refletiu incertezas políticas locais e a pressão em commodities.
Isso mostra que, apesar da melhora no câmbio, o risco-Brasil ainda é um freio para o mercado acionário.
O que esperar da próxima semana
Três pontos devem concentrar as atenções dos investidores:
- Decisão do Fed — Se confirmada a redução de juros, deve pressionar ainda mais o dólar globalmente.
- Copom — A expectativa é de manutenção da Selic em 15%, o que reforçaria o diferencial de juros a favor do real.
- Commodities e fluxo estrangeiro — Petrobras e Vale continuarão ditando o ritmo do Ibovespa, assim como o apetite do investidor internacional.
A visão do Super ETF: investir em dólar é necessidade, não opção
Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do Super ETF, a queda recente do dólar não deve iludir o investidor brasileiro. O real carrega uma tendência estrutural de desvalorização, que já superou 80% desde 1994.
“Enquanto o CDI entregou apenas 4% em dólar nos últimos 10 anos, o S&P 500 subiu quase 190%. Essa é a diferença entre se defender da pobreza e construir riqueza de verdade. Não se trata apenas de rentabilidade: é soberania financeira”, afirma Murad.
Ele reforça que ETFs americanos aliados a estratégias de Covered Call e Stock Lending permitem gerar renda passiva em dólar toda semana.
Na prática, significa que o investidor pode, ao mesmo tempo, proteger seu patrimônio da volatilidade política local e construir uma fonte de renda em moeda forte — algo que o mercado brasileiro, por si só, não oferece de forma consistente.
Proteção e diversificação como norte
A semana mostrou que o mercado brasileiro continua vulnerável a choques políticos e externos, mesmo em momentos de alívio no câmbio.
- O dólar caiu forte, mas a moeda americana continua sendo a principal reserva de valor global.
- O Ibovespa perdeu fôlego, revelando a dificuldade estrutural de sustentar altas prolongadas diante de incertezas.
- Para o investidor, a mensagem é clara: diversificação internacional não é luxo, mas necessidade.
O método Super ETF mostra que é possível investir com disciplina, constância e baixo custo em ativos globais, dolarizar o patrimônio e transformar aportes mensais em uma máquina de geração de renda no longo prazo.
A queda do dólar pode aliviar momentaneamente, mas, como destaca Fábio Murad, a verdadeira proteção está em investir em ativos globais. Assim, o investidor deixa de ser refém do real e da política local para construir riqueza sustentável em moeda forte.