Rali da Bolsa

Ibovespa mira 150 mil com corte de juros no radar

Ibovespa renova recordes e mira 150 mil pontos com aposta em cortes de juros aqui e nos EUA.

Leitura: 4 Minutos
Ibovespa em alta rumo a 150 mil pontos com expectativa de corte de juros
Painel de cotações reflete otimismo com cortes de juros e Ibovespa renovando máximas. (Fonte: Canva)

Por que a Bolsa ganhou tração

Após um início de mês volátil, o Ibovespa superou 144 mil pontos no intraday e fechou acima dos 143 mil pela primeira vez, embalado pela leitura de que o Federal Reserve pode iniciar cortes de juros na reunião de 17 de setembro, enquanto, no Brasil, cresce a chance de início de flexibilização da Selic entre o fim deste ano e o começo do próximo.

Vetor externo: dólar mais fraco e Fed mais perto do corte

A desaceleração do mercado de trabalho nos EUA aumentou a probabilidade de cortes, apesar de um CPI ligeiramente acima do previsto. A combinação de atividade esfriando e inflação de núcleo controlada sustenta o pivô dovish do Fed — um impulso para mercados emergentes e moedas locais.

Vetor doméstico: fim do aperto e agenda fiscal

No Brasil, cresce a leitura de que o ciclo de aperto acabou e a Selic pode cair no fim de 2025/início de 2026. O noticiário fiscal e a pauta no Congresso — como isenção do IR até R$ 5 mil — entram no radar como condicionantes de confiança e renda disponível.


O que gestores estão vendo

1) Cenário global

Dólar mais fraco e impactos limitados da guerra comercial sobre o Brasil favorecem fluxo para emergentes.

2) Cenário doméstico

Com o fim do aperto, empresas voltam a entregar resultados e o custo de capital tende a cair — ponto central para reprecificar ações cíclicas.

3) Visão para a Bolsa

A avaliação recorrente é de subvalorização do mercado brasileiro no longo prazo, ainda distante de um “topo histórico” que sinalize euforia.

Projeções:
XP vê o Ibovespa em 150 mil pontos até o fim do ano, citando novo regime macro (fim da contração monetária) e inflação em desaceleração, além do efeito-eleições de 2026 no interesse por ações.
Bradesco BBI estima entrada potencial de capital que pode recuperar R$ 1,1 trilhão de capitalização; se o valor das empresas tivesse acompanhado o PIB nominal, o mercado seria R$ 2,0 trilhões maior.


Otimismo… com freios

Mesmo com a melhora estrutural (juros, inflação e atividade), o movimento ainda é gradual: o CDI elevado oferece alternativa de baixo risco e o quadro político segue ruidoso (decisões judiciais e pesquisas eleitorais). Lá fora, a trajetória de inflação dos EUA e o ritmo de cortes do Fed serão determinantes.


Setores preferidos nesta fase

Qualidade com preço

Empresas com crescimento, baixa alavancagem e geração de caixa consistente ganham prioridade, com ênfase em dividendos no contexto atual.

Cíclicos domésticos

Construção civil e consumo discricionário se beneficiam de juros menores; programas de habitação e tendência de reabertura de crédito ajudam o ciclo.

Teses de “entrada de capital”

Vestuário & E-commerce, Varejo de Alimentos e Educação são citados como potenciais vencedores à medida que a indústria de gestão de ativos volta a captar.


Rumo aos 150 mil: o que falta

  1. Confirmação de corte do Fed e sinalização de trajetória.
  2. Ancoragem fiscal local que mantenha prêmio de risco sob controle.
  3. Dados de inflação mostrando tendência benigna e abrindo espaço para a Selic iniciar queda.
  4. Fluxo estrangeiro retomando de forma sustentada.

Nota SpaceMoney: em momentos de transição de ciclo de juros, tese de diversificação via ETFs e foco em fundamentos reduzem ruído e capturam o beta da recuperação — linha coerente com as recomendações educacionais do método Super ETF, de Fábio Murad.


Como o investidor pode se posicionar

Núcleo defensivo

ETFs amplos de Brasil e EUA e empresas de qualidade com caixa forte e endividamento baixo.

Aposta cíclica

Exposição tática a construção civil, varejo discricionário e educação na esteira da queda da Selic.

Disciplina de risco

Rebalanceamento periódico, metas de alocação por classe de ativo e colchão de liquidez para volatilidade eleitoral.


O call-base do mercado — cortes sincronizados de juros no Brasil e nos EUA — justifica o Ibovespa mirar 150 mil pontos. A velocidade depende do compasso entre inflação, atividade e política. Para o investidor, a diversificação com qualidade continua sendo a melhor forma de atravessar a curva.