O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (3) em baixa pelo terceiro dia consecutivo, acumulando perdas em setembro e refletindo um cenário de incertezas internas e externas. O índice recuou 0,34%, para 139.863,63 pontos, queda de 471,53 pontos.
O movimento foi pressionado por bancos e Petrobras, em meio à queda internacional do petróleo, mas contou com um respiro da Vale (VALE3), que subiu 0,38% apoiada na valorização do minério de ferro na China.
Câmbio e juros futuros
Apesar da queda na Bolsa, o real ganhou força frente ao dólar. A moeda americana caiu 0,40%, fechando a R$ 5,452. Na curva de juros futuros, houve alívio em diversos vencimentos, refletindo apostas de moderação na política monetária local.
Produção industrial em queda
O dia também foi marcado pela divulgação do dado de produção industrial de julho, que caiu 0,2%, no quarto mês seguido sem crescimento. Analistas já esperavam o resultado, que reforça sinais de desaquecimento da economia brasileira.
Segundo Igor Cadilhac, economista do PicPay, a economia mostra uma desaceleração gradual, mas a expectativa é de que a retração seja moderada em 2025, mesmo diante de juros elevados e da fraqueza global.
Política: julgamento de Bolsonaro agita cenário
No campo político, os mercados monitoram o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou ao segundo dia e será retomado apenas na próxima semana. Enquanto isso, no Congresso, um projeto que permite ao Legislativo demitir diretores do Banco Central acendeu alerta no Ministério da Fazenda.
Mercados globais
Na Europa, a União Europeia anunciou avanço no acordo comercial com o Mercosul, enquanto a França reduziu a oposição. Ainda assim, as bolsas fecharam sem fôlego.
Em Wall Street, os índices terminaram mistos. O Nasdaq subiu 1,03% impulsionado pela vitória da Alphabet (Google) em um caso antitruste nos EUA, que aliviou preocupações regulatórias. Já o Dow Jones recuou 0,06% e o S&P 500 avançou 0,51%.
Petrobras, bancos e Ambev em queda
Enquanto a Vale destoou positivamente, Petrobras (PETR4) caiu 0,86% com o petróleo em baixa. Bancos recuaram em bloco, ainda refletindo o “Dia do Investidor” do Itaú (ITUB4), que caiu 0,87%. O Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 0,69%, em meio a questionamentos dos EUA sobre a aplicação da Lei Magnitsky.
A Ambev (ABEV3), ação mais negociada do dia, desvalorizou 2,14% após dados de queda na produção de cerveja pela indústria nacional.
Reflexão para investidores
Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, momentos como este reforçam a necessidade de diversificação internacional:
“O investidor brasileiro não pode depender apenas da Bolsa local, sujeita a crises políticas e econômicas. Ao dolarizar parte da carteira com ETFs globais, é possível proteger o patrimônio e buscar crescimento real em moeda forte”.