O termo CDI é tão comum no universo dos investimentos que, muitas vezes, passa despercebido. Ele aparece em simulações de rentabilidade, em ofertas de CDBs, em fundos de renda fixa e até em explicações de especialistas. Por se repetir tanto no dia a dia, muitos investidores acabam ignorando seu significado ou apenas relevando sua presença. O problema é que essa familiaridade superficial faz com que muita gente não saiba realmente o que é o CDI, como ele funciona ou por que ele é tão importante para a rentabilidade de diversas aplicações financeiras.
A sigla CDI está em praticamente todas as ofertas de investimentos, desde “CDB com 110% do CDI” ou “fundo que rende 90% do CDI”, e saber sua definição e conhecer a sua importância já é um primeiro passo para quem quer começar a entrar nesse universo, especialmente para quem busca segurança, liquidez e previsibilidade.
Pensando nisso é que escrevemos este artigo! Para você que quer saber o que é o CDI, como ele afeta seus investimentos, quais produtos o utilizam como referência e por que você deve estar atento ao seu valor sempre que avaliar opções de renda fixa.
O que é CDI?
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário. Ele foi criado para facilitar os empréstimos de curtíssimo prazo entre os próprios bancos, normalmente com vencimento de um dia útil. Esse tipo de transação existe para que as instituições financeiras consigam fechar seus caixas diários, atendendo às exigências do Banco Central quanto ao volume mínimo de capital de giro.
A taxa média cobrada nesses empréstimos entre bancos é chamada de taxa DI, e é essa taxa que se tornou uma das principais referências para o rendimento dos investimentos de renda fixa no Brasil. Todos os dias úteis, a B3 (bolsa de valores brasileira) calcula essa média ponderada com base nas operações realizadas, e esse valor anualizado é o que conhecemos como taxa CDI.
Importante destacar que o CDI não é um investimento direto, ou seja, o investidor pessoa física não compra um CDI. O que existe são aplicações financeiras que o usam como indexador, ou seja, que rendem um percentual dessa taxa. Por isso, ele é tão presente em CDBs, LCIs, LCAs e fundos de renda fixa, servindo como parâmetro de rentabilidade.
Em outras palavras: o CDI é o “piso” da renda fixa. Se um investimento rende menos que ele, provavelmente não vale a pena. Se rende mais, pode ser uma boa oportunidade, desde que esteja dentro do seu perfil de risco.
Qual a diferença entre CDI e taxa Selic?
Muita gente confunde CDI com taxa Selic, mas são indicadores diferentes. A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Banco Central por meio do Copom. Já o CDI reflete a média dos juros praticados entre bancos comerciais em operações reais de curtíssimo prazo, ou seja, é uma taxa de mercado.
Na prática, o CDI costuma andar bem próximo da Selic, com uma diferença mínima. Isso porque as instituições financeiras emprestam dinheiro entre si com base no custo do dinheiro determinado pela política monetária. Quando o Banco Central aumenta a Selic, o CDI também tende a subir, e vice-versa.
Enquanto a Selic serve como ferramenta de política econômica, o CDI serve como referência de rentabilidade para o mercado. Investimentos como CDBs, por exemplo, costumam pagar um percentual do CDI porque é ele que reflete, com mais precisão, o custo do dinheiro no mercado interbancário.
Portanto, para o investidor, o CDI é mais útil como métrica prática. Ele é o parâmetro que vai determinar se um investimento pós-fixado é competitivo ou não. A Selic pode ser o “guarda-chuva”, mas o CDI é a régua que você deve usar para medir sua rentabilidade.
Como o CDI afeta os investimentos?
O CDI funciona como índice de referência para boa parte dos produtos de renda fixa pós-fixados. Quando você vê uma aplicação oferecendo “CDB com 110% do CDI”, isso significa que o rendimento será 10% maior do que a taxa DI acumulada no período. Ou seja, quanto maior estiver o CDI, maior será o seu retorno em termos nominais.
Além disso, muitos fundos de investimento de renda fixa usam o CDI como benchmark, ou seja, como índice de comparação. Um fundo que rende 105% do CDI está superando sua referência; outro que rende 80% está entregando abaixo do esperado. Isso ajuda o investidor a avaliar se vale a pena ou não manter o produto na carteira.
Mas o que é considerado um “bom” percentual do CDI? De modo geral, CDBs que pagam entre 100% e 110% do CDI são aceitáveis. Acima de 110% já chamam atenção, especialmente se emitidos por bancos médios com cobertura do FGC. Fundos de renda fixa que conseguem superar o CDI líquido de taxas também são interessantes e merecem análise. Por outro lado, produtos que pagam menos de 90% do CDI devem ser avaliados com cautela, pois tendem a ter rendimento abaixo da média do mercado.
Importante destacar que rentabilidades muito acima de 110% do CDI podem parecer tentadoras, mas também costumam carregar riscos maiores. Isso pode incluir emissores com menor solidez financeira, prazo longo de carência para resgate, baixa liquidez ou mesmo empresas fora da cobertura do FGC. Por isso, antes de aplicar, o investidor deve sempre verificar o perfil do emissor, o prazo do título e as condições de resgate, além de conferir se há proteção do Fundo Garantidor de Créditos.
Ativos que rendem abaixo do CDI: o que evitar
Embora o CDI seja a referência da renda fixa, alguns ativos rendem abaixo dele, o que pode comprometer a rentabilidade da sua carteira. Um exemplo clássico é a poupança, que tem rendimento limitado a 6,17% ao ano quando a Selic está acima de 8,5%, o que geralmente é inferior à taxa CDI.
Outro caso comum são fundos de renda fixa com taxas de administração altas. Em grandes bancos, é fácil encontrar fundos que cobram 1% ou até 2% ao ano de taxa, e por isso acabam rendendo menos do que o CDI. Quando isso acontece, o investidor está perdendo dinheiro em termos comparativos, mesmo sem perceber.
Também existem produtos estruturados com baixa performance ou contas remuneradas que oferecem retorno fixo abaixo do CDI. O problema não é apenas o rendimento em si, mas o fato de que o investidor pode estar deixando de ganhar mais em alternativas tão seguras quanto, como CDBs de bancos médios, por exemplo.
Por isso, sempre compare qualquer aplicação com o CDI atual. Se um produto promete rentabilidade inferior, questione. Ou ele oferece algum benefício extra (como liquidez diária ou isenção de imposto), ou provavelmente não vale a pena. Ter o CDI como referência evita escolhas ruins e perdas silenciosas no longo prazo.
Como acompanhar a taxa CDI?
A taxa CDI é calculada e divulgada diariamente pela B3, a bolsa de valores brasileira. Basta acessar o site oficial ou consultar aplicativos de investimentos, como Renda Fixa, Tesouro Direto ou plataformas das corretoras, para acompanhar a taxa anualizada atualizada.
Geralmente, o CDI é apresentado como taxa anual, mas nos investimentos ela é aplicada de forma diária e composta. Isso significa que um CDB que rende 100% do CDI não paga 13,65% lineares ao ano, ele paga um valor proporcional todos os dias úteis. Em 2024, por exemplo, um CDI de 13,65% ao ano equivale a cerca de 0,0526% ao dia útil, acumulado ao longo do tempo.
Saber como esse cálculo funciona é útil para entender por que investimentos de renda fixa rendem mais quanto mais tempo você mantém o dinheiro aplicado. O efeito dos juros compostos diários é o que realmente impulsiona o crescimento da sua aplicação.
Chega de perder dinheiro!
Agora que você já entende o que é CDI, fica mais fácil avaliar as propostas que aparecem na sua frente. Em vez de apenas aceitar rentabilidades “atrativas”, você pode compará-las com um parâmetro real de mercado, usado por bancos, corretoras e fundos de investimento.
O CDI é um indicador simples, mas poderoso. Ele está por trás da maioria das aplicações seguras e líquidas que compõem a carteira do investidor brasileiro. Saber como ele funciona, onde aparece e como impacta seus ganhos permite tomar decisões mais conscientes.
Além disso, entender o CDI ajuda a evitar armadilhas. Produtos que rendem menos do que ele devem ser olhados com desconfiança. Por outro lado, aplicações que superam consistentemente o CDI, com risco controlado, tendem a ser boas oportunidades para quem busca crescimento e proteção patrimonial.Portanto, se você quer investir melhor, comece acompanhando o CDI. Com esse conhecimento, você estará mais preparado para comparar, escolher e montar uma carteira realmente eficiente e alinhada aos seus objetivos.