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Petróleo em viés baixista reacende debate sobre combustíveis e Petrobras

IEA vê oferta crescendo mais que a demanda no 2º semestre e mercado "confortável"; Brent ronda US$ 66 a US$ 67

Petróleo / Petrobras (PETR4)
Tendência de excesso de oferta e demanda mais fraca pressionam cotações do petróleo, trazendo implicações para política de preços da Petrobras | Crédito: Divulgação

O petróleo continua pressionado em agosto. Em primeiro lugar, o Brent oscila entre US$ 66 e US$ 67, atingindo mínimas desde junho. Isso reflete a expectativa de excesso de oferta e demanda mais fraca com o fim do verão no Hemisfério Norte. Além disso, a estrutura de preços enfraqueceu com a queda dos prêmios e o afrouxamento da backwardation. Sem dúvida, esse é um sinal de que o mercado prevê maior disponibilidade de barris no futuro próximo.

A IEA elevou sua previsão de crescimento de oferta para 2025 e indicou um superávit maior do que o estimado anteriormente. Em outras palavras, a agência projeta um segundo semestre com estoques mais folgados, em que o ritmo de produção supera o avanço do consumo global.

No curto prazo, fatores sazonais e operacionais reforçam o enfraquecimento do balanço. Por um lado, observamos alta de produção em países da Opep+ e em não membros, como Brasil, Guiana e Noruega. Por outro lado, isso coincide com o fim do pico de demanda de verão, enquanto margens de refino na Europa recuam. Assim sendo, esses vetores explicam a pressão adicional sobre os benchmarks.

Quanto ao preço à vista, termômetros diários mostram o Brent abaixo de R$ 70 por barril na maior parte de agosto, após romper US$ 67 no fim de junho. Como resultado, a leitura reforça o viés baixista no curto prazo, mesmo com os ruídos geopolíticos presentes.

Para o Brasil, a dinâmica do petróleo coloca novamente em foco a política comercial da Petrobras para gasolina e diesel. Desde 2023, a empresa adota um modelo flexível que considera referências internacionais e o câmbio. No entanto, evita repassar oscilações de curtíssimo prazo, priorizando tendências mais persistentes.

O que observar para Petrobras e combustíveis

Se o Brent permanecer baixo por tempo suficiente, a probabilidade de ajustes para baixo nas refinarias aumenta, sobretudo no diesel, o que traria alívio para fretes e inflação. Apesar disso, o repasse depende também do câmbio e da estratégia de suavização adotada pela estatal.

Para a companhia, preços internacionais mais fracos produzem efeito ambíguo: não apenas podem reduzir receitas do upstream, como também aliviar custos no refino. Nesse sentido, investidores monitoram o fluxo de caixa e a política de proventos à luz do Brent em queda e da diretriz de priorizar investimentos. Acima de tudo, esses elementos calibram expectativas sobre dividendos.

No mercado global, o sinal da IEA de oferta à frente da demanda, juntamente com o estreitamento dos spreads e a fraqueza de margens de refino, sustenta um quadro “confortável” no 2º semestre. Em conclusão, esse pano de fundo mantém o viés negativo estrutural para o petróleo neste momento e torna PETR3 e PETR4 sensíveis à trajetória do Brent e do dólar.